Ao menos 15 morrem em novos protestos contra regime sírio
A Síria viveu nesta sexta-feira uma nova jornada de protestos políticos que terminou com ao menos 15 mortes, enquanto o governo anunciou que havia encerrado o envio de militares para a região da fronteira com a Turquia.
Segundo relatos de ativistas de direitos humanos e grupos da oposição, as vítimas foram mortas nos subúrbios de Damasco e na cidade de Homs, ao norte da capital, e incluem ao menos duas crianças.
Como em todas as sextas-feiras desde meados de março, os protestos começaram após o final das orações do meio-dia --a celebração religiosa semanal mais importante para o islamismo-- em meio a fortes medidas de segurança.
Os Comitês Locais de Coordenação, uma rede informativa da oposição, identificaram 12 dos mortos e disseram que um deles, de 13 anos, morreu no bairro de Al Kisua, em Damasco, e outro, de 12 anos, em Homs.
Alguns deles já foram enterrados hoje, gerando novos protestos contra o regime de Bashar al Assad. Segundo ativistas da oposição, houve manifestações em vários pontos do país, das quais participaram centenas de milhares de pessoas.
Nos arredores da grande mesquita de Al Tal, em Damasco, a polícia dispersou um desses protestos, segundo as mesmas fontes.
Uma rede de informação opositora, Flash, relatou que na capital se notava nesta sexta-feira uma presença das forças de segurança "sem precedentes", que incluía franco-atiradores situados em alguns telhados.
Estes relatos não puderam ser confirmados de forma independente devido às restrições das autoridades sírias, que prenderam ou proibiram o trabalho de jornalistas da imprensa internacional e expulsaram do país correspondentes estrangeiros.
Nas últimas horas, o regime de Damasco permitiu a entrada de uma equipe da emissora americana "CNN", mas impôs limitações a seus deslocamentos.
REPRESSÃO
Por outro lado, fontes da oposição e a rede informativa que a apoia afirmaram que, no bairro de Al Kisua, soldados e oficiais da 1 Brigada do Exército se recusaram a participar da repressão e protegeram um protesto e um funeral realizados na área.
A ação envolveu disparos contra forças de segurança e civis armados que estavam atacando os ativistas da oposição, segundo as mesmas fontes.
A emissora de televisão síria, no entanto, negou que tenha havido choques armados entre policiais e militares no local.
A agência oficial Sana informou nesta sexta-feira que o Exército havia encerrado o envio de militares à cidade de Yisr al Shugur, perto da fronteira com a Turquia, aonde chegaram em 12 de junho.
O povoado foi palco de confrontos no início do mês que causaram 120 mortes, a maioria integrantes das forças de segurança e militares, segundo os relatórios oficiais.
A ação do Exército, que manteve Yisr al Shugur sob ataque durante três dias antes das tropas entrarem na cidade em 12 de junho, intensificou um êxodo de sírios para a Turquia que as autoridades do país vizinho cifraram em 11.739 refugiados.
VOLTA À SÍRIA
Tanto a Sana como a emissora de televisão estatal fizeram nesta sexta-feira apelos aos sírios que estão em campos de refugiados na Turquia para que retornem o país, "já que se restabeleceu a segurança na cidade".
Os Estados Unidos expressaram nesta quinta-feira à noite sua preocupação pelos relatos de concentração de tropas sírias perto da fronteira com a Turquia, já que poderiam desestabilizar ainda mais a região.
"Caso seja verdade, essa agressiva ação só exacerbaria a já instável situação dos refugiados na Síria", afirmou a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
Coincidindo com a nova jornada de protestos na Síria, nesta sexta-feira entraram em vigor novas sanções da União Europeia (UE) contra Damasco, que implicam no congelamento de ativos e na proibição de representantes do regime de viajarem para território comunitário.
As sanções se estenderam a outras sete pessoas, entre as quais dois primos do presidente.

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