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Nacional
Quinta - 23 de Junho de 2011 às 17:31

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O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (ICRC, na sigla em inglês) pediu nesta quinta-feira ao grupo islâmico palestino Hamas que entregue provas de que o soldado israelense Gilad Shalit ainda está vivo, quase cinco anos após sua captura por militantes na faixa de Gaza.

Em um apelo público incomum, a agência independente de ajuda afirmou que a família de Shalit tem o direito, de acordo com a legislação humanitária internacional, de entrar em contato com o filho mantido incomunicável desde sua captura, em 25 de junho de 2006.

"Como não há nenhum sinal de vida do sr. Shalit há quase dois anos, o ICRC está agora pedindo que o Hamas prove que ele está vivo," afirmou o Comitê, com sede em Genebra.

O ICRC também reiterou sua antiga solicitação de visitar Shalit no local em que estiver preso.

Mas um porta-voz do Hamas pareceu ter rejeitado o apelo --que autoridades do ICRC disseram ter sido transmitido em caráter privado ao grupo militante islâmico várias semanas atrás.

"A Cruz Vermelha não deveria envolver-se nos jogos israelenses de segurança com o objetivo de chegar a Shalit. Deveria adotar uma posição que resulte no fim do sofrimento de prisioneiros palestinos", disse à Reuters o porta-voz do Hamas Sami Abu Zuhri, em Gaza.

"A total falta de informação relacionada ao sr. Shalit é completamente inaceitável," disse o diretor-geral do ICRC, Yves Daccord, em comunicado.

Shalit, que também tem nacionalidade francesa, se tornou um símbolo de força para os israelenses, dos quais boa parte cumpre o serviço militar obrigatório e se identifica com a situação dele.

"SÉRIA PREOCUPAÇÃO"

"Não sabemos nada sobre suas condições de prisão. Mas por informação que recebemos temos séria preocupação com seu destino", disse à Reuters o chefe da delegação do ICRC em Israel e nos territórios ocupados, Jean-Pierre Schaerer.

O comitê se prontificou a facilitar uma troca de presos entre Hamas e Israel, se chegarem a um acordo em negociações em andamento, segundo Schaerer.

Mas ele acrescentou: "Não há reciprocidade entre a situação de Gilad Shalid e as pessoas detidas por Israel. Os dois lados têm obrigações, independentemente do que cada lado esteja fazendo."

Shalit não é considerado um prisioneiro de guerra, já que foi capturado por um grupo armado, e não por forças de um Estado que tenha ratificado a Terceira Convenção de Genebra. No entanto, como todas as outras pessoas detidas durante um conflito, ele tem de receber tratamento humanitário, segundo as Convenções de Genebra, explicou o ICRC.

"O Hamas tem a obrigação, de acordo com a lei humanitária internacional, de proteger a vida do sr. Shalit, de tratá-lo humanamente e deixar que tenha contato com sua família", disse Daccord.

Os pais de Shalit, Noam e Aviva, disseram que na sexta-feira, o quinto aniversário de sua captura, passarão o dia em uma barraca com cartazes pedindo que os líderes israelenses tragam o filho para casa.

Eles lideram uma campanha para pressionar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a trocar prisioneiros com o Hamas. Contudo, o governo israelense, de direita, não aceita a exigência do Hamas de libertar centenas de palestinos presos, incluindo alguns condenados por crimes de morte.

Em um comunicado separado, nesta quinta-feira, o ICRC também pediu que Israel permita a parentes de palestinos de Gaza que visitem prisioneiros em Israel.

CAPTURA

Shalit foi sequestrado em 25 de junho de 2006, durante uma operação do Exército israelense na faixa de Gaza, segundo a versão palestina, e em sua base em território israelense perto do limite de Gaza, segundo a versão israelense.

Quando capturado, Shalit era cabo e tinha 19 anos. Ele foi promovido a sargento durante seu sequestro e estaria em alguma parte da faixa de Gaza, dominada pelo Hamas desde 2007, quando o secular Fatah, do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, foi expulso do território à força.

Com a mediação de Egito e Alemanha, o acordo avançou poucos passos. O Hamas chegou a divulgar recentemente o primeiro vídeo de Shalit no cativeiro. No passado, diálogos tinham rendido apenas o envio de algumas cartas e um áudio.

Na última tentativa de acordo, o grupo, que comanda a faixa de Gaza, exigia a libertação de mil presos em troca de Shalit. Ele rejeitou, contudo, a exigência de Israel de que, do total, 450 palestinos libertados --entre eles os autores intelectuais e materiais de atentados suicidas contra alvos civis israelenses-- sejam expulsos para Gaza, e não para a Cisjordânia, onde moravam antes.

A família de Shalit pressiona constantemente o governo, mas o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu alega que seu governo não deve ser alvo de pressões, já que, apenas com uma "posição rígida" nas negociações, Israel conseguirá que os islamitas reduzam suas exigências para um acordo.






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