Brasil ainda convive com déficits comerciais em setores sensíveis que podem comprometer o desempenho da sua economia, diz ministro da Ciência e Tecnologia
Mercadante defende mais investimentos em inovação
O Brasil tem um grande potencial e precisa investir urgentemente em conhecimento científico e inovação enquanto eixo estruturante do desenvolvimento econômico para garantir o seu futuro como nação desenvolvida. Advertência nesse sentido foi feita pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, após reconhecer que o Brasil ainda convive com déficits comerciais em setores sensíveis que podem comprometer o desempenho da sua economia nos próximos anos, tendo em vista a necessidade de competitividade global do país.
O ministro, que participou da abertura nesta segunda-feira (20), da XI Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, enfatizou a necessidade de o país criar uma cultura da inovação e ser um competidor global no âmbito das economias desenvolvidas e liderar os Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), onde há nações emergentes que investem fortemente em pesquisa e desenvolvimento, a exemplo de China e Índia.
Mercadante lembra que o país já evoluiu muito nesse ambiente nos últimos anos, mas não pode acomodar, enfatizou. “É preciso ampliar os investimentos privados nessa área, se realmente quisermos liderar a economia do conhecimento e ganhar competitividade.”
Segundo Mercadante, o Brasil ainda enfrenta déficits comerciais em setores como bens de capital, tecnologia da informação e da comunicação, químicos e fármacos, além dos desafios para o equilíbrio das contas externas. “Precisamos que nossos jovens queiram ser cientistas, pesquisadores e não apenas participar e vencer um BBB”, sentenciou o ministro, em alusão ao reality show de grande audiência na televisão brasileira, destacando a necessidade de mudança de paradigma cultural.
Com o olhar no cenário global, Mercadante listou, entre as ações governamentais mais recentes, a criação da rede Sibratec, com pesquisadores focados em desenvolvimento de novas tecnologias, e o investimento de R$ 69,8 milhões em extensão tecnológica. Destacou também que o governo federal fortaleceu a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para ser o banco da inovação, estabeleceu parcerias privadas para capital semente e ampliou os investimentos públicos e privados em parques e incubadoras de bases tecnológicas, além de dobrar o número de pesquisadores bolsistas altamente qualificados.
“É importante mudar o marco regulatório de investimento direto, agilizar o processo de registro de patentes e fortalecer o sistema de inovação”, afirmou. O ministro voltou a defender a criação da Embrapa da indústria, bem como aprimorar os incentivos ficais, e um novo programa de comunicação para popularização da ciência, tecnologia e inovação. Para Mercadante, o Brasil precisa ser mais empreendedor, pesquisador, inovador e ter cientistas com um projeto de vida em sintonia com projeto estratégico de país. “Inovação tem risco, mas é preciso estar disposto a dar incentivo fiscal e financiamento. É preciso apostar no risco para sermos a nação que queremos ser”, concluiu.
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