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Nacional
Terça - 21 de Junho de 2011 às 13:03

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Lançado em 2003, o sistema desenvolvido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública para mapear os crimes no País, com base em informações coletadas nos boletins de ocorrência, não deixou rastros. Oito anos depois, o alto custo de implantação e manutenção barrou a iniciativa federal e fez com que as polícias encontrassem ferramentas próprias, baseadas em recursos mais modernos, simples e baratos.

A iniciativa do governo federal, baseada no software livre chamado Terra Crime, resumia-se em fornecer o programa, mas para colocá-lo em funcionamento eram necessários equipamentos, treinamento de pessoal, além de dados cartográficos atualizados (mapas das cidades em ambiente virtual) e informações dos boletins de ocorrência armazenadas em bancos de dados.

"Na época não era barata, necessitava de uma grande tecnologia de back office (retaguarda) para mantê-la atualizada. A precisão dos equipamentos de GPS não era aceitável, o que acabou congelando o uso dessas tecnologias", diz o major Rubinei Ricardo da Silva Júnior, do Departamento de Informática da Brigada Militar - como é conhecida a Polícia Militar do Rio Grande do Sul.

Na época, a cidade de Porto Alegre já possuía um banco de dados com as ocorrências, e foi escolhida para implantar o projeto piloto do Terra Crime. De acordo com major, o surto de georreferenciamento daquela época não se sustentou pelas dificuldades técnicas.

O objetivo do governo federal com o Terra Crime era de formar 27 equipes estaduais até o final de julho de 2004. A reportagem do Terra entrou em contato por diversas vezes com a Secretaria Nacional de Segurança Pública, mas a assessoria informou que as informações sobre o resultado da iniciativa demandariam muito tempo para serem levantadas já que muitos anos já haviam se passado. As informações foram solicitadas uma semana antes da publicação dessa reportagem.

Mapas baratos e fáceis
Para driblar as dificuldades do antigo sistema, a polícia gaúcha recorreu a ferramentas como o Google Earth e o Google Maps, que fornecem os mapas atualizados de forma barata e fácil de usar. Com isso, o sistema de georreferenciamento da polícia necessita apenas de um computador com acesso a internet.

"Isso viabilizou o processo, imagine ter que ter um Terra Crime instalado em cada máquina, com operador treinado, é uma outra tecnologia que dificultava a implantação. E essa tecnologia permite que na distribuição da informação seja feita de forma muito mais rápida, e mais fácil, principalmente na ponta, porque o operador não precisa ser altamente treinado para gerar um mapa. Um usuário comum consegue essa informação", diz major Rubinei.

Pioneiros
Um dos Estados pioneiros no uso do sistema de georreferenciamento foi o Paraná. A idéia surgiu em 2002 e culminou no projeto Mapa do Crime, que inspirou o Terra Crime do governo federal. Para funcionar, o sistema paranaense contou com investimentos de R$ 800 mil e de toda a estrutura das secretarias de governo, e foi inspirada em modelos adotados nas cidades de São Paulo, Los Angeles, Chicago, New York e Washington. Apesar da Polícia Militar de São Paulo ter um dos sistemas pioneiros e, atualmente, um dos mais avançados, eles não falam sobre seu uso por questões estratégicas. Por meio da assessoria de imprensa, informa apenas que é utilizado há alguns anos.

Cultura
De acordo com um estudo sobre a iniciativa do Paraná feito pelo major Marcos Antonio Wosny Borba, da Polícia Militar paranaense, concluído em 2010, para que haja avanço no uso da ferramenta, ela deve ser internalizada nas estruturas policiais. "Observa-se que as próprias organizações policiais não internalizaram o geoprocessamento em suas prioridades tecnológicas e também não dotaram os seus sistemas de informação com tais recursos...", diz trecho da análise.

Para o major da PM gaúcha, com recursos humanos e materiais escassos, a saída para melhorar o trabalho da polícia é a melhoria dos processos de gestão, que inclui o uso de tecnologia e mudanças culturais nos quartéis. "A relação a ser feita é se esse custo humano compensa a melhoria do planejamento, hoje em dia não se consegue planejar sem informação, então na minha avaliação compensa. Se tiver que ter um homem a menos, mas que vá melhorar a posição dos demais em prol da comunidade, fantástico, essa é a visão cultural que se está trabalhando", afirma.





Fonte: Terra

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