Presidente russo diz que vetará resolução da ONU sobre a Síria
"A Rússia utilizará seu direito (de veto) enquanto membro permanente do Conselho de Segurança" da ONU, advertiu Medvedev nesta entrevista ao jornal "Financial Times", argumentando que a coalizão internacional que intervém na Líbia fez uma interpretação abusiva da resolução que autorizava fazer ataques aéreos.
"Escreverão em uma resolução, "condenamos o uso da força na Síria" e em seguida alguém enviará aviões. Então nos dirão: "Bem, está escrito que condenamos e aí está, condenamos e enviamos alguns bombardeiros"", justificou.
"Na resolução, uma coisa estará escrita, mas os atos serão completamente diferentes", acrescentou.
No entanto, Medvedev reconheceu que o ditador sírio, Bashar al Asad, é o responsável pelo sangue derramado, embora tenha assegurado também que acredita nas promessas de reformas feitas por Assad, ainda que tenham chegado tarde demais.
"Humanamente, o presidente Assad me dá pena (...), me parece que quer mudanças políticas em seu país, quer reformas, mas ao mesmo tempo, chega com atraso e como consequência disto, há vítimas que poderiam ter sido evitadas e que, sem dúvida, ficarão em grande parte na consciência daqueles que estão no poder"", explicou.
A violenta repressão de um movimento popular contra o regime sírio, iniciado em 15 de março, teria causado mais de 1.200 mortos e outros 10.000 opositores teriam sido detidos, segundo ONGs.
FRONTEIRA E DISCURSO
Forças sírias ocuparam a região da fronteira no noroeste do país neste domingo para conter o êxodo de refugiados para a Turquia, segundo ativistas e testemunhas.
O movimento de refugiados tem aumentado a pressão internacional sobre o ditador da Síria, Bashar al-Assad.
O ativista de direitos humanos sírio Ammar al-Qurabi também acusou forças do governo de atacar quem ajuda os refugiados, que tentam escapar da repressão militar aos protestos contra o governo de Assad.
Assad fará um pronunciamento nesta segunda-feira sobre as "atuais circunstâncias", anunciou a agência de notícias oficial. Será o seu primeiro discurso desde 16 de abril, o seu terceiro desde que começou a onda de protestos e violência.
As autoridades sírias acusam grupos armados e ativistas islâmicos, apoiados por potências estrangeiras, pela violência. A Síria baniu jornalistas internacionais, o que torna difícil verificar os relatos sobre os acontecimentos.
Já são 10.114 refugiados sírios na Turquia. Outros dez mil se abrigam na fronteira, ainda em território sírio, de acordo com autoridades turcas.
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