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Nacional
Domingo - 19 de Junho de 2011 às 12:31

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O site canadense Hub Culture, hype entre os trendsetters (profissionais que "caçam" e definem tendências de comportamento), elegeu São Paulo como a metrópole do momento.

A rede social monitora, entre as grandes cidades, aquelas que encarnam o espírito do tempo atual ou "zeitgeist", termo alemão de definição mais complexa, mas que virou sinônimo de modinha da hora. À frente dos paraísos da "modernidade", como Berlim, Londres e Nova York, carimbos obrigatórios no passaporte de qualquer descolado, a primeira posição da capital paulista na escala do hype mundial dividiu opiniões entre os fashionistas que circulam pela São Paulo Fashion Week.

"Das cidades emergentes, São Paulo é a melhor. Não tem o exagero ostensivo e os excessos de Moscou, nem a opressão de Pequim e muito menos a pobreza de Nova Déli. Ela sobreviveu à crise econômica [de 2008] e sempre tem novos restaurantes. A cidade encarna o Brasil cosmopolita", diz o viajado colunista social Bruno Astuto. Mas, como bom carioca, lembra: "Não podemos nos esquecer do Rio de Janeiro, que vai ser sede dos maiores eventos esportivos dos próximos anos."

O sapateiro estrelado Fernando Pires diz que São Paulo "supera Nova York no leque cultural riquíssimo, bares, boates...". O designer, que faz parte do crescente grupo de fãs ardorosos da capital paulista, acredita que o vigor da cidade ofusca até mesmo seus muitos problemas. "Mesmo com todas as dificuldades, não tem lugar no mundo melhor para viver."

Mas nem todos acreditam no hype do "I Love SP". O top stylist paulistano Paulo Martinez é um dos que azedam a corrente dos apaixonados. "Acho São Paulo muito feia e muito chata. É uma província que todos se conhecem e é sempre o mesmo grupinho. E programa de paulista é restaurante", diz.

Uma das maiores críticas de Martinez se refere à falta de espaços públicos. "Tudo que a gente faz aqui tem que pagar, não tem nada de graça... Se não fosse pelo trabalho, eu iria morar numa praia na Bahia". E completa: "São Paulo não é uma cidade que abre espaço para momentos de contemplação e descanso, você é obrigado a se deslocar e estar em atividade frenética o tempo todo."

A apresentadora Barbara Thomaz também é crítica em relação à capital paulista. "Adoro a cidade, mas ela tem o problema da violência e a falta de metrô. É impossível transitar pela cidade em transportes públicos porque uma elite arrogante não quer", diz se referindo à recente polêmica de ter ou não metrô em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo. "Mas acho sim que a cidade está globalizada e tem uma noite fervidíssima, que não tem esquema para acabar como em outras cidades do mundo. Você pode morrer de tanto dançar", brinca.

Mas até os defeitos tornam São Paulo hype de seu tempo. A modelo e apresentadora Caroline Ribeiro declara: "´É importante ter erros, não ser uma cidade 100% perfeita."

A empresária italiana Costanza Pascolato, apesar de suas críticas à cidade, acredita que o charme de São Paulo é diferente do de outras partes do mundo porque foi construído a partir das histórias de imigrantes com tradições muito diferentes. "Apesar da dureza que é viver aqui, existe algo de acolhedor no espírito paulistano. Conheço praticamente o mundo todo e não moraria em nenhum outro lugar."

Contudo, Costanza tem uma explicação pela eleição de São Paulo como "a" cidade e abre um outro debate, agora sobre a pesquisa: "O Canadá [onde foi feita e divulgada o ranking das cidades do momento] é um país deserto, o pessoal lá tem muito tédio e é tudo muito organizado, então quando se deparam com o caos que existe em São Paulo realmente devem ficar fascinados." Mas garante que adora viver aqui apesar de "não ser fácil".






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