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Nacional
Quarta - 25 de Setembro de 2013 às 15:16

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O número de transplantes de órgãos realizados no Brasil diminuiu 6% no primeiro semestre de 2013 comparado com o mesmo período de 2012, informou nesta quarta-feira (25) o Ministério da Saúde. Ao todo, foram realizados 11.569 procedimentos no primeiro semestre deste ano e 12.342 no ano passado. Os dados são relativos a 95% dos transplantes realizados no país, que ficam a cargo do Sistema Único de Saúde (SUS).



O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que apresentou o balanço, atribuiu a diminuição de 6% ao esforço para a redução da fila de pacientes à espera de transplantes.


 
"A queda de 6% no primeiro semestre foi porque nós aceleramos o número de transplantes e, com isso, diminuimos a fila em cinco estados que tinham a maior participação no transplante de córnea, que conta mais ou menos 60% dos transplantes realizados no país. Ou seja, por um lado, nós precisamos continuar zerando as filas de transplantes de córnea, manter esses cinco estados zerados. Tem outros estados com a perspectiva de zerar ainda este ano ou no ano que vem, estão reduzindo muito o prazo, e, combinado com isso, podemos manter essa elevação de transplantes de outros tipos de órgão, como aconteceu com coração, pulmão, como deve acontecer com o rim", declarou.


 
O transplante de córnea, considerado o mais simples pelo ministério, corresponde a 60% de todos os realizados pelo SUS. Distrito Federal, São Pauli, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul conseguiram zerar a fila de pacientes para esse tipo de transplante, segundo o ministério.


 
A fila de espera para transplantes de órgãos diminuiu nos últimos anos. De acordo com o ministério, em 2010 eram 59.728 pessoas que aguardavam a vez; agora, são 38.759.


 
A previsão é que, em 2013, o número de doadores para cada 1 milhão de pessoas seja de 13,5 (em 2012, foram 12,8 por milhão; em 2011, 11,6; e, em 2010, 9,9). A meta do ministério é chegar a 15 doadores por milhão em 2014.



Atualmente, segundo o ministério, há no país 27 centrais de notificação, captação e distribuição de órgãos, 11 câmaras técnicas nacionais, 748 serviços distribuídos em 467 centros, 1047 equipes de transplantes e 71 organizações de procura por órgãos.


 
De acordo com o ministro, as principais metas do governo na área de transplantes é aumentar o número de doadores e  descentralizar o sistema. Segundo ele, as duas estão sendo atinigidas.Padilha deu como exemplo o aumento dos centros de transplante de coração pelo país. Em 2010, dos 18 centros, 13 se localizavam no estado de São Paulo. Neste ano, dos 26 centros credenciados, 15 são paulistas.


 
Para ser um doador, a pessoa deve informar a família. Segundo o ministério, a aceitação dos familiares em doar os órgãos de parentes mortos melhorou. Em 2003, as negativas eram de 80%. Em 2012, foram 45%.


 
Para o presidente da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), José Medina Pestana, os índices mostram que o Brasil tem um programa "modelo" na área de transplantes.


 
"O Brasil é o segundo país do mundo em número de transplantes, tem um sistema muito bem estruturado, justo, que aloca o órgão doado ao primeiro da fila que tem a melhor compatibilidade. É um programa modelo que muitos países estão copiando", afirmou.


 
Segundo Pestana, não há como furar a fila, pois ela é coordenada nas centrais estaduais de saúde, que determina quem vai receber o órgão. Para a associação, a previsão é de aumento nas filas de espera para órgãos sólidos, como coração, rim, pulmão e fígado, nos próximos anos, ao contrário da espera para córneas.


 
"A expectativa da população cresce, as chances de se precisar de um transplante aumentam. Está diminuindo o número de pessoas que morrem de forma precoce. Só vai desaparecer a fila de transplantes em qualquer país do mundo quando nós conseguirmos fazer a partir de célula-tronco ou ainda conseguir utilizar o órgão de um doador não humano, como um porco", declarou.


 
Reforço


 
Durante o evento, Padilha assinou duas novas portarias de incentivo ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT). A primeira cria o Plano Nacional de Apoio às Centrais de Transplante, que visa estruturá-las melhor. Além do orçamento já dedicado atualmente, o governo pode investir de R$ 100 mil a R$ 200 mil a mais nas centrais, de acordo com a necessidade de cada uma.


 
A segunda portaria aumenta a cota para cadastros de doadores no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) a fim de possibilitar mais pessoas geneticamente compatíveis. Com a medida poderão ser feitos até 400 mil exames por ano, contra os 267 mil atuais. Para tanto, o governo vai gastar R$ 49,8 milhões.


 
Campanha


 
A Semana Nacional de Doação de Órgãos acontece de 23 a 29 de setembro e tem como slogan “Absurdo é enterrar algo muito mais valioso do que um Bentley: seus órgãos”. A frase relembra ação do empresário Chiquinho Scarpa para anunciar a campanha.


 
Na segunda-feira (16) o empresário, por meio de uma rede social, disse que enterraria seu carro preferido, um Bentley, no jardim de casa. O automóvel chega a custar R$ 1 milhão. Na sexta (20) pela manhã, dia do "sepultamento", reuniu os jornalistas presentes e disse que não era "louco" de enterrar o carro de luxo, mas que há pessoas que enterram coisas muito mais valiosas, como órgãos, e apresentou o início da Campanha Nacional de Doação de Órgãos.


 
"Eu não sou louco: eu não vou enterrar minha Bentley. Eu fiz tudo isso para conscientizar as pessoas de um problema grave, que é a doação de órgãos no Brasil”, disse Scarpa.


 
"Eu fui julgado por querer enterrar uma Bentley, mas a verdade é que a grande maioria das pessoas enterra coisas muito mais valiosas que meu carro. Elas enterram corações, rins, fígados, pulmões, olhos. Isso sim que é um absurdo", concluiu.


 
Mais Médicos


 
O ministro Padilha informou, após a solenidade, que o ritmo de contratação de profissionais para o programa "Mais Médicos" está dentro do planejado. "Nós vamos fazer um grande esforço, mas vamos chegar lá. Nós vamos buscar cobrir toda meta demandada de médicos de todos os municípios brasileiros que se inscreveram no programa. [..] Até o final do primeiro semestre do ano que vem, concluir toda a meta demandada de médicos por municípios", afirmou.


 
Ele alertou que o governo não vai tolerar atrasos na entrega de registros para médicos formados no exterior. Mesmo com os documentos completos exigidos pelo programa aos profissionais, alguns conselhos têm se recusado a conceder o registro profissional. "Todas as medidas serão tomadas, inclusive judiciais, se necessário, para que os registros sejam entregues no prazo correto. Nós achamos inadmissível qualquer tipo de postergação neste tipo de registro".





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