Francisco Abrantes era o ‘cabeça’, diz MPE
O Ministério Público apontou o vereador Francisco Abrantes como o cabeça do esquema de corrupção que visava tirar dinheiro da prefeitura de Sorriso por meio de extorsão ao prefeito Clomir Bedin. Conforme o promotor de justiça Sérgio da Silva Costa, o vereador “tem uma inteligência acima da média e a preocupação de não se expor no esquema. Assim, usava outros vereadores”.
A lista de vantagens que o grupo pedia ao prefeito era extensa e variada. Eles queriam a fidelização das contas de publicidade da prefeitura com a emissora de TV de Filomena Abrantes, esposa do vereador Abrantes; favorecimento em licitação para realização dos trabalhos de urbanização nas margens da BR-163, no Distrito de Primavera, pertencente ao município de Sorriso, cuja obra estava avaliada no valor de R$ 324 mil; mensalinho de R$ 3 a 10 mil para os vereadores envolvidos; emprego para o namorado da vereadora Roseane Marques de Amorim; e até conserto de carro da vereadora.
Conforme o promotor, o grupo formado por três vereadores e esposa de Abrantes, que é dona da emissora de televisão afiliada da Rede Record na cidade, se reuniu com o “único e deliberado propósito de extorquir o prefeito”. Abrantes usava a mulher e os outros vereadores na linha de frente do esquema.
No total, os pedidos de propinas variavam de R$ 50 a R$ 500 mil. O promotor ainda revelou que mais dois vereadores podem estar envolvidos no esquema, mas as provas não foram suficientes para a denúncia.
A moeda de troca seria a governabilidade para o prefeito e a aprovação das contas dele referentes ao exercício de 2009. Além disso, o acordo previa que os programas de televisão do vereador parassem de fazer críticas que desabonassem a imagem política do prefeito. Conforme os próprios acusados afirmaram em gravações, a TV tem penetração de 64% de audiência na localidade.
Como Bedin não entrou no esquema, teve as contas reprovadas pela Câmara Municipal. No entanto, a Justiça já suspendeu esse julgamento político e as contas serão avaliadas novamente.
Além do processo criminal a que os acusados já respondem, nesta semana o promotor de Sorriso, Carlos Roberto Zarour Cesar, vai propor uma ação civil pública contra os quatro, que, assim, também irão responder a processo civil.
No processo criminal, em que são acusados de formação de quadrilha e concussão, a pena pode chegar de 3 a 10 anos de cadeia para cada um.
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