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Saúde
Quinta - 16 de Junho de 2011 às 11:36

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O frentista José Carlos Barbosa, 39, só descobriu que tinha doença renal crônica quando foi levado, com os rins paralisados, para a emergência do Hospital Santa Marcelina, em São Paulo. Antes, segundo a família, ele se queixava de dor de cabeça, sempre pelas manhãs.

No posto de saúde, davam-lhe analgésicos. O sintoma era da hipertensão que, não diagnosticada e não tratada, evoluiu para doença renal. Um ano após iniciar a hemodiálise, Barbosa morreu.

Em dez anos, o país registrou um aumento de 38% na taxa de morte de doentes renais crônicos. Essas pessoas dependem de uma máquina que substitui a função dos rins (hemodiálise) para sobreviver.

Em 2000, dos 46.547 doentes que faziam diálise, 7.000 morreram (15%). Em 2010, o número de doentes tratados foi para 92 mil, com 16.500 mortes (18%).

Os dados são de um censo feito pela SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia) e levado ao Ministério da Saúde. Foram avaliadas 340 clínicas de diálise, 53% do total.

CAUSAS

Para a SBN, existem ao menos seis situações impulsionando o aumento de mortes.

Muitos dos pacientes começam a fazer diálise tarde, quando já estão muito debilitados, o que aumenta as chances de morte.

O número de nefrologistas no SUS também é insuficiente. Em São Paulo, leva-se, em média, seis meses para conseguir uma consulta.

Quando sofrem complicações, os pacientes em diálise têm dificuldade de conseguir uma internação.

As máquinas de hemodiálise do país estão velhas. Metade delas tem mais de seis anos e está no fim da vida útil, piorando o tratamento.

Outro problema são os remédios de alto custo. O governo fornece essas drogas aos doentes em diálise (eritropoietina, sevelamer, hidróxido de ferro, entre outros).

Mas o repasse é lento e, muitas vezes, os remédios só chegam após dois meses da prescrição do médico.

Um fator que agrava a condição é o envelhecimento. Cerca de 35% dos doentes renais têm mais de 65 anos e outras doenças, como diabetes e insuficiência cardíaca, que aceleram a mortalidade.

PREVENÇÃO

Para o nefrologista Daniel Rinaldi, presidente da SBN, faltam políticas para prevenir a doença renal crônica.

A maioria dos pacientes tem hipertensão ou diabetes, doenças que, sem tratamento, evoluíram para insuficiência renal. Há 10 milhões de pacientes renais no Brasil.

O tratamento é um dos que mais pesam no orçamento do Ministério da Saúde. São gastos R$ 2 bilhões anuais --4% do orçamento.
Rodrigo Bueno de Oliveira, nefrologista do HC de São Paulo, conta que é comum a chegada de pacientes renais nas emergências que nunca foram acompanhados na rede básica de saúde. "Eles já estão com os rins paralisados, com anemia e insuficiência cardíaca."

Em geral, os pacientes sem acompanhamento prévio não têm a via de acesso por onde a hemodiálise será feita.

O procedimento é necessário para deixar a veia do braço com mais calibre e, assim, fornecer um fluxo de sangue adequado para ser filtrado.

Sem isso, é preciso usar cateter, o que aumenta o risco de infecções e trombose. "Com cateter, a taxa de mortalidade é quatro vezes maior", explica o médico.

O impacto emocional também é grande. "De uma hora para outra, a pessoa descobre que terá de mudar a vida radicalmente, fazer sessões de diálise três vezes por semana. É um choque."





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