Investigação aponta para acertos de contas; hipótese de crime motivado por homofóbia não é descartada
Travestis assassinados deviam para o mesmo traficante
Os dois travestis que foram assassinados com requintes de crueldade, em Cuiabá, na semana passada, possuíam dívidas de drogas com o mesmo traficante. A informação é da delegada da Polícia Civil, Anaíde Barros, que conduz a investigação.
O inquérito ainda não foi encerrado; até o momento, as investigações e tomadas de depoimento levam a crer que o crime foi motivado pelas dívidas. Segundo a delegada, pelo menos, momentanamente, essa tese afasta a hipótese de uma onda de crimes homofóbicos na Baixada Cuiabana.
Foram tomados cinco depoimentos, sendo que um deles, de outro travesti, foi determinante para dar procedimento às investigações.
"Ainda não concluímos os trabalhos e nenhuma hipótese está descartada. Mas estão afunilando as informações sobre um acerto de contas. Sabemos que as duas vítimas eram viciadas e tinham dívidas com o mesmo traficante. Agora, vamos procurá-lo", informou a delegada.
Sobre a possível motivação homofôbica, a delegada ainda não descartou a possibilidade. "A última vítima, o Maildo, estava com uma deformação na região genital, que pensamos que era resultado da violência, mas, na realidade, era uma hérnia. Não descartamos que possam ser crimes de homofobia, as duas linhas são cuidadosamente investigadas", revelou.
O travesti Alisson Otávio Carvalho da Cruz, a "Alicinha", 20, foi morto no dia 28 de maio passado. O corpo foi encontrado dentro do Córrego do Gumitá, na região da Morada da Serra. Ele estava com uma corda enrolada no pescoço e várias escoriações no corpo. O travesti era usuário de pasta-base de cocaína.
No dia oito deste mês, Maildo dos Santos Silva, 25, conhecido como "Maria do Bairro", foi encontrado na região do CPA III, nos fundos da Lagoa Encantada. Ele teve o crânio esfacelado.
Onda de homofobia
O representante do Grupo Livremente, que defende os direitos dos Gays Lésbicas e Trangêneros (LGBT), professor Clovis Arantes, em entrevista ao MidiaNews, na semana passada, acusou o Estado de ser omisso em resolver os casos de assassinato contra homossexuais em Mato Grosso.
Ele afirmou que a demora no esclarecimento dos assassinatos e agressões tem contribuído para que casos como esses sejam cada vez mais frequentes.
A assessora da Coordenadoria Nacional dos Direitos Humanos, Ana Lúcia da Silva, disse que espera que sejam identificados os criminosos e que eles sejam penalizados conforme a lei.
A Coordenadora do Centro de Referência de Enfrentamento à Homofobia, Cláudia Cristina Carvalho, quer que a sociedade reconheça que os travestis tem direito à dignidade humana respeitada.
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