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Nacional
Terça - 14 de Junho de 2011 às 14:00

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A união de técnicas cirúrgicas ginecológicas aos princípios da neurocirurgia pode trazer esperança a diversos pacientes já conformados com dores crônicas nas pernas e região glútea, paraplégicos, tetraplégicos, amputados com dores em membros fantasma, além de certos casos de incontinências urinária e anal e endometriose.

Em comum, estes pacientes têm alterações funcionais dos nervos lombares e sacrais, que controlam as pernas, a bexiga, o reto, os órgãos genitais, a porção final do intestino, a uretra e o ânus. Hoje, com as técnicas da neuropelveologia, tornou-se possível alcançar estes nervos muito mais facilmente por meio de vídeolaparoscopia, combinando tecnologias já disponíveis na ginecologia e na neurocirurgia.

Esta nova via de acesso também tem permitido o implante de neuromoduladores, que, na região pélvica, voltam a oferecer estímulos aos nervos sacrais, devolvendo, por exemplo, o estímulo nervoso à bexiga, permitindo que o paciente volte a ter controle urinário.

Além desta utilização, estes neuromoduladores podem ser a chave para diversos outros problemas, oferecendo melhora substancial da qualidade de vida, maior independência e até mesmo retomada de certos movimentos perdidos.

“Estes nervos já são conhecidos há muito tempo, assim como a laparoscopia. A novidade está na união de tudo isso, é um novo ponto de vista sobre estes nervos, com novos meios de acessá-los e inúmeras possibilidades que poderão, no futuro, beneficiar milhares de pacientes no mundo inteiro”, afirma o dr. Nucélio Lemos, pós-Doutorando e responsável pelo Serviço de Neurodisfunções Pélvicas do Departamento de Ginecologia da UNIFESP-EPM.

Ao lado do prof. Marc Possover, o especialista é o representante brasileiro nestas pesquisas e também no tratamento e acompanhamento de pacientes participantes na Suíça e no Brasil.

“Diversas cirurgias já foram realizadas em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil, a maioria bem sucedida. Entre os casos já publicados, há pacientes que voltaram a ter controle urinário e relatos de melhora na qualidade da ereção e da vida sexual. Existem, inclusive, quatro paraplégicos que estão conseguindo ficar de pé e caminhar com a ajuda de um andador””, afirma dr. Nucélio. 

Dentre as inovações trazidas por esta nova abordagem, podemos citar a realização de diagnósticos até então pouco conhecidos ou não realizados devido à dificuldade de abordagem dos nervos da região pélvica, como a endometriose dentro ou em volta dos nervos, compressões nervosas por fibrose (“cicatrizes”) decorrentes de procedimentos cirúrgicos ou ainda a compressão de nervos por varizes intra-abdominais.

“Muitas das pessoas com estes tipos de problemas estão há anos procurando uma causa para sua “dor do ciático” ou sua “pequena hérnia de disco que tanto dói”, completa o dr. Nucélio.


Tetraplégicos e paraplégicos mais independentes

Ao contrário do que muitos possam imaginar, o maior desejo de paraplégicos e tetraplégicos não é andar ou ficar em pé. Em recente estudo sobre o tema, ficar livre da cadeira de rodas não é prioridade na vida de quem perdeu os movimentos de membros inferiores. 

No caso dos pacientes paraplégicos, os principais desejos de reabilitação são, pela ordem, controlar as funções urinária e evacuatória; melhorar a qualidade de vida sexual e, em terceiro lugar, ficar em pé e andar. No caso dos tetraplégicos, em primeiro lugar está recuperar o controle das mãos. Os demais desejos são os mesmos dos paraplégicos, ou seja, para pacientes que perderam os movimentos dos membros superiores e inferiores, ficar em pé e andar aparece apenas na quarta colocação.

Portanto, o implante do neuromodulador pode beneficiar de dois a três dos principais desejos de ambos os grupos: devolver o controle urinário e evacuatório e melhora na vida sexual. Quanto ao desejo de caminhar, alguns paraplégicos operados com esta técnica têm conseguindo ficar em pé e até caminhar curtas distâncias, com o auxílio de um andador.






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