As denúncias na Alemanha de possíveis casos de infecções epidêmicas por parte de clínicas e hospitais afetados demoram até uma semana a chegar ao Instituto Robert Koch, em Berlim, revela neste domingo o especialista em saúde do Partido Social-Democrata Alemão (SPD), Karl Lauterbach, no dominical Bild am Sonntag.
As denúncias chegam, sempre por correio, em primeiro lugar ao escritório de saúde local, que as tramita ao escritório sanitário do estado afetado e este as faz chegar ao Instituto Robert Koch, responsável na Alemanha pela luta contra doenças de caráter epidêmico.
"As clínicas deverão no futuro denunciar esses casos por e-mail diretamente ao Instituto Robert Koch", exige Lauterbach, que ressalta que o surto da variante agressiva da bactéria E. coli terá consequências muito graves para vários afetados pela doença, que causou até agora 32 mortes na Alemanha e uma na Suécia.
"Uns 100 pacientes sofreram danos renais tão graves que precisam de um transplante ou se verão obrigados a submeter-se a diálises periódicas a vida toda", ressalta o especialista em saúde do SPD, que adverte que "no futuro voltarão a ocorrer novas infecções de E. coli na Alemanha".
O próprio ministro da Saúde, Daniel Bahr, reconhece no mesmo rotativo a necessidade de melhorar o sistema de alarme e a cadeia informativa para evitar que se repitam casos iguais.
"Uma vez controlado o surto de E. coli, os estados e a federação deverão avaliar conjuntamente o trabalho realizado. Considero muito importante o fluxo de informações entre as instituições implicadas", assinala Bahr, que anuncia que o sistema de alarme será revisado.
Por sua parte, a ministra de Agricultura e Defesa do Consumidor, Ilse Aigner, anuncia no dominical "Frankfurter Allgemeinen Sonntagszeitung" consequências para o sistema de controle alimentar.
O anúncio da ministra acontece depois que a contra-análise do Instituto Robert Koch confirmou neste sábado que a origem da infecção se encontra em uma fazenda de cultivo biológico de sementes germinadas na localidade de Bienenbüttel, no estado da Baixa Saxônia.
Embora o foco original da infecção tenha sido localizado nesse ponto, as autoridades sanitárias alemãs ainda desconhecem em parte a cadeia de distribuição dos brotos vegetais até os afetados e como a bactéria chegou à empresa.
O dominical Bild am Sonntag afirma, com base em dados das autoridades sanitárias alemãs, que o surto de E. coli deixou cerca de quatro mil doentes na Alemanha, dos quais mais de 750 sofrem a perigosa síndrome hemolítico-urêmica (SHU), que provoca graves danos renais e cerebrais.
Além disso, assinala que o alerta contra o consumo de pepinos, tomates e alfaces, já levantado e que foi ditado pelas autoridades sanitárias alemãs, causou perdas de mais de 600 milhões de euros aos agricultores em toda a Europa.
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