Europeus reforçam pedido à Síria sobre ajuda humanitária
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, declarou-se neste sábado "muito preocupada com a piora da situação humanitária" na Síria e reiterou seus pedidos às autoridades de Damasco para pôr fim à repressão contra os manifestantes.
"Deploro o crescente uso da força bruta contra os manifestantes na Síria nos últimos dias", declarou Ashton em comunicado.
"Estou profundamente preocupada com a piora da situação humanitária causada pela ação das autoridades sírias e peço a elas que autorizem imediatamente o acesso sem travas de observadores internacionais dos direitos humanos e órgãos humanitários como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha", declarou.
"Reitero meus repetidos chamados às autoridades sírias para mudar de rumo", completou a alta representante da União Europeia para Assuntos Exteriores.
"Isso inclui a libertação de todos os detidos em relação com os protestos, assim como de outros presos políticos que permanecem na prisão apesar da recente anistia anunciada pelo presidente (sírio Bashar) Al Assad", completou.
"O estado de sítio em uma série de cidades, entre elas Dera e Jisr Al Shughur, deve ser levantado sem demora", insistiu Ashton, afirmando que "os responsáveis pela violência e assassinatos devem prestar contas".
ESTADOS UNIDOS
Os Estados Unidos acusaram, neste sábado, a Síria de provocar uma "crise humanitária" com sua brutal repressão dos protestos e pediu a Damasco que permita o acesso de ajuda humanitária.
"A ofensiva do governo sírio no norte do país criou uma crise humanitária", disse a Casa Branca em comunicado.
"Os Estados Unidos pedem ao governo sírio que interrompa a violência e que dê ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha acesso imediato e sem restrições a essa região", completou o texto.
"Se os líderes da Síria não derem esse acesso, estarão mostrando uma vez mais desprezo pela dignidade do povo sírio."
Grupos de ajuda humanitária afirmam que mais de 1.300 pessoas - a maioria, civis desarmados - já morreram durante protestos contra o governo.
O governo refuta e diz que 500 membros das forças de segurança foram mortos.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha pediu acesso imediato à população afetada pela violência e também aos detidos e feridos. Por ora, a entidade montou um campo na Turquia capaz de abrigar cinco mil pessoas.
REFUGIADOS
Mais de 4.300 civis sírios fugiram para o norte do país e atravessaram a fronteira com a Turquia para escapar dos conflitos violentos entre manifestantes e forças do governo. As autoridades turcas disseram neste sábado que os números podem ser ainda maiores, já que muitas pessoas não foram registradas na fronteira.
Halit Cevik, do ministério das Relações Exteriores da Turquia, disse que por enquanto o país está conseguindo lidar com a situação, mas que as autoridades podem vir a precisar de ajuda internacional, caso o conflito na Síria se agrave.
A Turquia não considera os sírios que entraram como "refugiados", já que eles não pediram para ficar no país, e estão apenas esperando a violência acabar para voltar para a Síria.
Manifestantes da oposição afirmam que pelo menos 32 pessoas foram mortas na sexta-feira em novos confrontos entre opositores e forças do governo.
A violência começou quando as forças do governo entraram na cidade vizinha de Jisr Al-Shughour, onde o governo afirma que mais de 120 militares foram mortos por rebeldes nesta semana.
Na sexta-feira, os Estados Unidos e as Nações Unidas condenaram a forma violenta como o governo sírio vem reagindo aos protestos contra o regime do país.
A Casa Branca disse, através de um pronunciamento do porta-voz Jay Carney, que o governo da Síria está seguindo "um caminho perigoso" e pediu "o fim imediato da brutalidade e da violência". O governo americano classificou os atos na Síria de "revoltantes".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, disse que o uso de força militar para conter protestos na Síria é "inaceitável". Um porta-voz do secretário disse que ele tentou conversar com o presidente sírio, Bashar al-Assad, mas que o governo vem reiterando que o líder não está "disponível".
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