"Esta plataforma vai facilitar e acelerar o ritmo do processo de reconciliação afegão", resumiu em entrevista coletiva o primeiro-ministro paquistanês, Yousuf Raza Gillani.
O presidente afegão, Hamid Karzai, de visita em Islamabad, e Gillani presidiram a primeira sessão do fórum, que durou cerca de 2h30.
A reunião contou com representantes de ambos os países de mais alto nível, entre eles o diretor dos serviços secretos paquistaneses (ISI), Ahmad Shuja Pasha, o chefe do Exército paquistanês, Ashfaq Pervez Kiyani, e seu colega afegão, Sher Mohammed Karimi.
"É necessário enfrentar às ameaças (que representam os grupos insurgentes) com uma estratégia conjunta", declarou Gillani em um discurso público ao lado de Karzai.
Paralelo aos encontros de alto nível, outras reuniões de responsáveis de Relações Exteriores de categoria menor e de departamentos ocorrerão durante os próximos meses.
O objetivo é dar vida ao processo de diálogo lançado por Karzai em 2010 para que os talibãs e demais grupos armados deponham as armas no Afeganistão e fechem as feridas de uma guerra que começou após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Paquistão se comprometeu a atuar sob "os princípios da não interferência" nesta comissão.
O país foi acusado com assiduidade por oficiais afegãos de dar cobertura a redes jihadistas e de mobilizar-se para conseguir um Governo dominado pela etnia pashtun, própria dos talibãs e espalhada pela fronteira afegã-paquistanesa.
O presidente afegão confia em que o Paquistão desempenhe um papel positivo neste processo, que ganha maior importância na medida em que se aproxima o mês de julho, quando começa a retirada gradual das tropas estrangeiras.
As forças afegãs devem controlar todo o território até 2014, o que Karzai reafirmou neste sábado, embora tenha admitido que alguns soldados dos EUA poderão permanecer no país, assunto que depende ainda do "entendimento" entre os dois países.
Sempre conciliador com seu interlocutor paquistanês, Karzai anunciou que seu Governo vai investigar o ataque talibã no início do mês à Polícia paquistanesa no distrito de Upper Dir, que deixou 70 mortos.
"É responsabilidade do Governo (afegão) tomar as medidas", comentou Karzai sobre o ataque, que fontes paquistanesas atribuíram insurgentes que cruzaram a fronteira a partir do Afeganistão.
Na declaração conjunta, as partes comprometeram-se em aplicar o recém-fechado acordo de passagem comercial e a seguir esforçando-se para construir uma rede ferroviária que interligue Afeganistão e Paquistão.
A visita de Karzai a Islamabad coincidiu com a do diretor da agência de inteligência americana (CIA), Leon Panetta, que chegou nesta sexta-feira ao Paquistão.
Embora este tipo de visita normalmente ocorra a portas fechadas, sem anúncio público, o Exército paquistanês divulgou um breve comunicado confirmando que Panetta reuniu-se com Kiyani.
Fontes da embaixada americana consultadas pela Efe recusaram-se a comentar a agenda de Panetta, que em breve deixará a CIA para assumir como secretário de Defesa.
Desde a morte de Osama bin Laden por comandos norte-americanos em 2 de maio na cidade paquistanesa de Abbottabad, vários altos cargos dos EUA visitaram o país, entre eles a secretária de Estado, Hillary Clinton.
Os laços entre as agências de inteligência dos EUA e do Paquistão já estavam muito deteriorados antes da operação que matou Bin Laden, mas atravessa uma fase de grande desconfiança desde então, em um momento-chave para o desenlace da guerra afegã.
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