Mato Grosso, maior produtor de bovinos do Brasil, está desde 1996 sem registrar caso de febre aftosa
Status de livre está longe
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, Francisco Jardim, afirmou que não existe, neste momento, qualquer ação do ministério junto aos organismos internacionais para elevar o status sanitário de Mato Grosso à condição de livre sem vacinação. Mato Grosso, maior produtor de bovinos do Brasil - mais de 28 milhões de cabeças - está desde 1996 sem registrar nenhum caso de febre aftosa e por isso detém desde 2000 o status de livre da doença com vacinação.
A intenção dos pecuaristas estaduais é a classificação de livre sem vacinação, categoria na qual se enquadra atualmente Santa Catarina, único no país com esta classificação.
Jardim explica que o fato desta alteração não estar nos planos do Mapa nada tem a ver com a falta de reconhecimento ao trabalho sanitário desenvolvido no Estado. "Neste momento a meta não é esta porque a fronteira com Mato Grosso, principalmente a Bolívia, ainda gera atenção, mesmo com trabalhos de parcerias entre os governos dos dois países que permitem a vacinação gratuita do gado do lado boliviano. Ainda não é o momento para se agir em prol de uma nova classificação".
Segundo ele, a meta sanitária atual é chegar a 2012 com 96% do rebanho nacional sob o status de livre com vacinação com reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de livre com vacinação. Para atingir este percentual, o Mapa inicia neste mês o processo de sorologia em seis estados do Nordeste (AL, PE, PB, RN, PI e MA) onde estão cerca de 17 milhões de cabeças bovinas. "Com os testes para avaliar se há circulação viral na região foram negativos, podemos declarar a situação de livre com vacinação até novembro e levar isso para avaliação do Comitê Internacional de Saúde Animal que se reúne em fevereiro para que durante a plenária anual, a OIE declare esses seis estados nesta nova condição".
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), José João Bernardes, frisa que antes de o Estado buscar a nova condição é necessário classificar o risco de regiões que fazem fronteira ou limite com Mato Grosso.
Como explica, a meta é ter a classificação seja de livre com ou livre sem vacinação para o continente, ou seja, para a América Latina. "Isso não apenas aumenta o valor agregado da nossa carne, como também abre novos mercados consumidores. Atualmente, a carne ‘in natura’ do Brasil não é comprada pelos Estados Unidos e nem pelo Japão, mercados que podiam comprar grandes quantidades e pagar bem".
De acordo com o presidente da Acrimat, o trabalho de unificação do status sanitário é uma meta que pode se concretizar em até cinco anos e assim "poderemos vencer essas limitações sanitárias que limitam o consumo", frisa Bernardes. Ele destaca que o vizinho Paraguai vem desenvolve um trabalho de controle sanitário que avança, assim como o tem ocorrido com a Bolívia, que em regime de parceria - principalmente com Mato Grosso - vem evoluindo e logo poderá ter o seu rebanho de fronteira livre com vacinação.
EVENTO
O Congresso Internacional da Carne é promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) em conjunto com o International Meat Secretariat (IMS). As discussões reúnem assuntos e aspectos da cadeia produtiva da carne e as transformações pelas quais esse mercado vem passando, como os meios produtivos sustentáveis, os novos mercados, o abastecimento em todo o mundo e o marketing desse produto. Com o tema “Carne de Qualidade para Todos os Povos”, o Congresso teve 23 palestrantes de nove países diferentes (Brasil, Argentina, Austrália, Chile, Colômbia, Dinamarca, Estados Unidos, Paraguai e Uruguai). (* Marianna Peres viajou a convite da Associação dos Criadores de Mato Grosso -Acrimat)
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