Crise pode afetar articulação no PSB

 

O político que demonstra maior insatisfação é o deputado federal Valtenir Pereira. O parlamentar alega perseguição por parte do grupo comandado pelo prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, e pela deputada estadual Luciane Bezerra e, por isso, ameaça migrar para o Pros, partido que ainda se encontra em processo de criação. 

 

Valtenir é o único representante mato-grossense da legenda no Congresso Nacional. Além disso, responde pela comissão provisória que dirige o partido em Mato Grosso. 

 

A demora no processo de homologação do diretório estadual, inclusive, é um dos motivos de insatisfação apontados por ele. O socialista teme ser destituído da presidência a qualquer momento. 

 

“A direção nacional disse para eu ficar tranquilo. Me garantiram que sou presidente, mas eu tenho cobrado, constantemente, a homologação do diretório. Comissão provisória pode ser alterada a qualquer hora do dia ou da noite. Com o diretório, precisa de dois terços e um motivo justo para mudar”, explica. 

 

O receio de Valtenir é ser retirado do comando da sigla por Mendes e Luciane, que juntamente com o ex-prefeito de Juara, Oscar Bezerra, e o ex-senador Antero Paes de Barros, recém-filiado, estiveram em Brasília há aproximadamente 15 dias. Pediram mais espaço nas articulações das eleições de 2014. 

 

O grupo obteve aval do secretário nacional da sigla, Carlos Siqueira, para sugerir pré-candidatos a deputado federal e estadual. Valtenir, por sua vez, se sentiu preterido. Para ele, “é a direção estadual que tem que conduzir o processo eleitoral de 2014”. 

 

“As pessoas interessadas em participar têm que dialogar com a direção estadual e não ficar levando picuinha para a direção nacional. Está havendo uma inversão e todo mundo quer fazer o papel de presidente estadual do PSB. Isso não pode acontecer”, critica. 

 

Por conta disso, o socialista afirma que “estão tentando passar uma rasteira” nele. “Me mandaram recado avisando que vão impedir minha reeleição como deputado federal”, acrescenta. 

 

Luciane, entretanto, nega as acusações e afirma não entender o posicionamento do parlamentar, uma vez que ele também participou da reunião em Brasília e teve a oportunidade de opinar. 

 

“Não entendo por que ele está fazendo isso. Ele participou de toda a conversa e concordou com tudo que foi dito. Lamento muito a saída dele, por ser uma liderança de peso no partido, mas compreendo por que está procurando maior espaço, assim como eu procurei recentemente, com o MD. Só não usei esta justificativa”, rebate. 

 

A parlamentar também afirma que seu grupo nunca foi contrário à reeleição de Valtenir. Ao contrário, defendeu que deve ser prioridade do PSB em 2014. 

 

“O Valtenir reclama da nossa postura, mas estamos dispostos a apoiar e defender seu nome. Essa é a maior prova da nossa lealdade. Tínhamos um compromisso de fazer dois deputados federais, incluindo ele, e quatro estaduais. Apoiamos seu nome também quando foi cogitado para ser lançado ao Senado”, garante Luciane. 

 

A possível saída de Valtenir deve ser definida até o próximo dia 5, que é quando se encerra o prazo para filiação daqueles políticos que pretendem disputar a eleição do ano que vem. (KA)