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Nacional
Sexta - 10 de Junho de 2011 às 10:25

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Já se vão quatro décadas desde que, enquadrada pela câmera de Luís Buñuel, ela virou "A Bela da Tarde".

Mas Catherine Deneuve, aos 67 anos, mantém intacta a aura que a transformou em musa de diretores como Jacques Demy ("Os Guarda-Chuvas do Amor"), François Truffaut ("A Sereia do Mississipi") e Roman Polanski ("Repulsa ao Sexo") e em ícone maior do cinema francês.

Ao entrar na sala onde participaria de uma conferência de imprensa, anteontem, arrancou suspiros e motivou sussurros. Em cinco minutos, acendeu um cigarro. Com educada distância, respondeu a todas as perguntas.

Algumas horas depois, Deneuve recebeu a Folha para uma entrevista individual. Bem disposta, elogiou o sotaque brasileiro e disse entender algumas palavras do português pelo fato de ter filmado em Portugal ("O Convento", de Manoel de Oliveira).

"Aceitei o convite para vir porque estive no Brasil em 1966, com minha irmã, e saí daqui com ótima impressão", afirmou. "Os brasileiros são muito calorosos."

Se o povo brasileiro causou boa impressão à atriz, o mesmo não se pode dizer da cidade. Após saber que o trajeto de Cumbica até o hotel levaria pelo menos uma hora e meia, aceitou, a contragosto, pegar um helicóptero.

E ficou espantada com o que viu. "Muita gente anda de helicóptero, não?", perguntou. "Pelo que vi, não há muitas árvores, não há verde... E também não há muita cor nos imóveis, é tudo um pouco cinza. Tem também muitos fios de eletricidade."

De São Paulo, Deneuve seguiria para o Rio, onde também promoveria o filme "Potiche" e participaria da abertura do Festival Varilux de Cinema Francês. Do Brasil, iria direto para Londres, também para lançar o filme dirigido por François Ozon.

FRIEZA

A exemplo do que faz em festivais internacionais, a atriz impôs, aos responsáveis por sua vinda ao Brasil, uma agenda bem limitada. Não topou dar entrevistas para a TV nem posar para os fotógrafos individualmente.

Diz ter aprendido, ao longo de cinco décadas, que é impossível não ser vista, às vezes, por seus aspectos "negativos". "Alguns jornalistas dizem que fui fria ou desagradável, mas, nas entrevistas, como na vida, as coisas se passam melhor com umas pessoas do que com outras", diz.

"Sempre achei que há coisas da nossa vida que não dizem respeito a ninguém. Não é porque fazemos filmes que podem nos perguntar qualquer coisa. E, bom, se acho uma pergunta inadequada, não respondo."






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