O australiano Daniel Ricciardo, 21 anos, está entre os nomes mais cotados para assumir uma vaga na Fórmula 1 - possivelmente, até mesmo em 2012. Piloto de testes da Red Bull e da Toro Rosso, ele já impressionou nos testes de pós-temporada no fim de 2010, quando liderou as sessões de pilotos novatos em Abu Dhabi a bordo do carro que deu a Sebastian Vettel o título mundial. Neste ano, pelo time-satélite, é figura constante nos treinos livres das sextas, e andando quase sempre no pelotão intermediário.
Desta forma, o jovem passou a ser cotado para pilotar em tempo integral na Fórmula 1. Nomes como Mark Webber e Jaime Alguersuari viram os seus postos ameaçados pelo australiano - em especial o espanhol, abaixo do ritmo de seu companheiro Sebastien Buemi. Melhor para o novato, às portas de seguir o caminho de compatriotas como Jack Brabham, Alan Jones e do próprio Mark Webber na principal categoria do automobilismo mundial.
Atualmente na Renault World Series, e sem nem mesmo ter participado de uma temporada da GP2, Daniel Ricciardo não se assusta com a possibilidade - nem mesmo se for para substituir o compatriota Mark Webber na Red Bull.
"A equipe é muito profissional e justa, então eu estaria mais do que feliz em ter a oportunidade e dar ao senhor Vettel uma concorrência forte", conta o australiano, em entrevista exclusiva ao Terra.
Diante dos desafios da Fórmula 1, o jovem piloto não se mostra intimidado nem mesmo diante de pilotos mais experientes, como Michael Schumacher (42 anos, o dobro de sua idade) e Rubens Barrichello. O brasileiro, por sinal, ganha elogios de Ricciardo.
"Ele é um cara incrível por estar na Fórmula 1 há tanto tempo e por ter tamanha motivação. A temporada da Fórmula 1 é tão longa e cansativa, o que torna impressionante que ele continue correndo e correndo bem", afirma o contratado da Red Bull.
Confira a entrevista na íntegra:
Terra: Você já está testando na Fórmula 1, mesmo sem uma temporada na GP2, por exemplo. Você acha que pilotos jovens na Fórmula 1 são uma tendência, mesmo com pouca experiência em alguns casos?
Daniel Ricciardo: Se você olhar 20 anos para trás, os pilotos chegavam à Fórmula 1 um pouco mais velhos. Agora, pilotos jovens chegam, porque podem começar a correr bem mais jovens. Enquanto, no momento em que você tem 21 anos, você tem a mesma experiência que alguém de 24 ou 25 tinha há 20 anos. Não sei se é uma tendência. A GP2 é ótima, mas não é essencial correr nela para chegar à Fórmula 1. Mais um ano na World Series, e eu estarei pronto para subir para a Fórmula 1.
Terra: Nós temos visto pilotos experientes, como Mark Webber, Michael Schumacher e Rubens Barrichello, correndo com - e contra - outros mais jovens, como Sebastian Vettel e Lewis Hamilton. Como um piloto jovem, o que você pode dizer sobre encarar esses rivais, sendo que alguns deles corriam quando os mais jovens nem haviam nascido?
Ricciardo: Até o momento, eu não corri contra nenhum desses grandes nomes. Mas para um piloto jovem, estar na mesma pista que aqueles que assistimos por muitos anos deve ser uma grande experiência. Porém, você precisa ameaçá-los, como qualquer outro piloto na pista. Você não pode pensar "uau, estou correndo contra Schumacher", porque talvez você não desempenhe o seu melhor se fizer assim.
Terra: Os fãs brasileiros têm alguns problemas com Rubens Barrichello, reclamando que ele não consegue resultados suficientes. O que você pode dizer sobre ele?
Ricciardo: Acho que ele é um cara incrível por estar na Fórmula 1 há tanto tempo e por ter tamanha motivação. A temporada da F1 é tão longa e cansativa, que torna impressionante que ele continue correndo e correndo bem. Você não pode esperar que ele vença corridas se ele não estiver em um dos melhores carros, mas ele é competitivo com seu companheiro de equipe, então isso é bom para ele.
Terra: Seu nome se tornou uma especulação forte para substituir Mark Webber na Red Bull em 2012. Como você avalia esta chance? Você teria algum problema em assumir o posto?
Ricciardo: Seria uma oportunidade incrível. Em 2012, quero uma vaga integral, e se fosse na Red Bull, seria ótimo. Não teria problema nenhum com isso. Meu teste com o time foi bem, então por que não? A equipe é muito profissional e justa, então eu estaria mais do que feliz em ter a oportunidade e dar ao senhor Vettel uma concorrência forte.
Terra: Mark representa uma geração experiente na Fórmula 1, uma vez que você representa uma mais jovem. O que ele representa para você, como um piloto australiano?
Ricciardo: Mark é alguém que admiro e que parece ter trilhado um caminho muito difícil até a Fórmula 1. Admiro a determinação. Ele realmente lutou para chegar onde está, e agora está colhendo as recompensas. É legal ver isso, e orgulha a todos os australianos. Ele é um bom embaixador para nosso país.
Terra: Você certamente assistiu Michael Schumacher correr quando era mais jovem, e provavelmente antes mesmo de começar a correr. Você acha que a temporada de volta para ele em 2010 foi positiva? Você acha que ele ainda tem motivação?
Ricciardo: Quando eu era mais jovem, eu torcida para a Ferrari porque meu pai torcia, então era um fã de Schumacher. Ele foi o melhor por um longo tempo e era incrível assisti-lo. Sua volta foi um pouco controversa: não sei se ele está fazendo a coisa certa, mas posso entender o motivo de sua volta à Fórmula 1, era algo que estava fazendo falta em sua vida. A Fórmula 1 mudou muito nestes anos, e talvez não seja mais o que ele esperava, o que pode tê-lo pego de surpresa. Tenho certeza de que sua motivação ainda está lá. Vamos ver como ele vai se sair ao longo do ano contra (Nico) Rosberg.
Terra: Você teve um grande desempenho nos testes de pós-temporada em Abu Dhabi. Como foi a experiência para você? Você se vê como um nome forte para a Fórmula 1?
Ricciardo: Os dois dias com o carro foram incríveis. Foi tudo bem, e eu estava pressionado para ir bem e ser o mais rápido, então me cobrei muito. Gosto de pensar que sou um nome forte para a Fórmula 1, mas preciso manter os pés no chão.
Terra: Antes da temporada, alguns pilotos - especificamente Rubens Barrichello e Fernando Alonso entre eles - reclamaram a respeito dos volantes, dizendo que os novos têm muitos botões. A reclamação procede?
Ricciardo: Alguns pilotos dizem que tudo bem, mas alguns dizem que são muitos mesmo. Este ano, o piloto está muito mais ocupado com o sistema de asa (traseira) e outros componentes eletrônicos, como o Kers. Tenho certeza de que não sera um problema a longo prazo.
Terra: O que você pode dizer sobre o Kers?
Ricciardo: Testei com ele na pré-temporada e nas primeiras corridas do ano. Você realmente sente uma aceleração extra, e é interessante ver como os pilotos usam isso, em especial no começo da corrida.
Terra: E o que você pode dizer a respeito do trabalho com Sebastien Buemi e Jaime Alguersuari? Como colegas, o que você pode dizer deles?
Ricciardo: Nós vamos aos briefings juntos, conversamos sobre o carro e não escondemos nada. Estamos todos trabalhando em conjunto para ajudar a cada um e para fazer o carro progredir o máximo possível pelo bem do time.
Terra: E com Sebastian Vettel e Mark Webber? Você mantém relações regulares com o pessoal da Red Bull?
Ricciardo: No ano passado, passei bastante tempo com o pessoal da Red Bull, com Mark e com Sebastian. Todos foram muito legais comigo, me passando conselhos e orientações, então conheço a todos muito bem. Vivo perto da fábrica na Inglaterra (em Milton Keynes), então vejo a todos com freqüência. É ótimo ter uma relação com duas equipes de Fórmula 1.
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