Regime de Gaddafi nega ter cometido crimes de guerra na Líbia
O governo da Líbia negou nesta quinta-feira que forças leais ao líder do país, o coronel Muammar Gaddafi, tenham cometido crimes de guerra durante o conflito na nação africana.
Investigadores da ONU dizem ter provas de que Gaddafi deu ordens para que fossem realizados ataques indiscriminados contra civis, inclusive tortura e assassinato.
O diplomata líbio Mustafa Shaban disse no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, que seu governo vem sendo ""vítima de uma ampla agressão"" e culpou rebeldes e mercenários de estrangeiros por violações de direitos humanos e até mesmo por ""atos de canibalismo"".
Shaban disse que o governo líbio "nega e reafirma sua negação quanto à existência de violações generalizadas e sistemáticas de direitos humanos feitas com o conhecimento das autoridades ou sob ordem das autoridades líbias ou com a cobertura delas".
"Nós também negamos as indicações de ataques genéricos ou sistemáticos contra civis, ou assassinatos extrajudiciais, ou prisões arbitrárias, detenções e torturas."
O governo de Gaddafi acusou também rebeldes líbios e forças da Otan de terem cometido violações contra o povo da Líbia.
Os agentes da ONU afirmam também ter provas de que rebeldes também cometeram abusos contra civis no conflito no país, mas que eles não foram tão numerosos quanto as cometidos por tropas do governo.
ABUSOS DE REBELDES
DNa quarta-feira, o promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno Ocampo, disse que também há indícios de que o governo de Gaddafi deu ordem para que seus soldados estuprassem mulheres --até mesmo distribuindo Viagra a eles-- em uma estratégia contra os rebeldes.
O governo líbio não reconhece a autoridade do TPI.
No final do mês passado, o repórter da BBC Andrew Harding conversou com dois soldados das forças de Gaddafi capturados por forças rebeldes na cidade líbia de Misrata que disseram ter se envolvido em um estupro coletivo e que afirmaram que muitos outros foram cometidos durante as batalhas travadas pelo controle de Misrata, cidade no oeste do país.
Os militares contaram que participaram da invasão da casa de uma família, amarraram o pai, a mãe e crianças e que soldados deram tiros na perna de cada um.
Cerca de 20 soldados que invadiram a residência, segundo o relato do militar capturado, teriam participado do estupro de duas filhas do casal, na faixa dos 20 anos de idade.
Os soldados que falaram à BBC disseram ainda que foram forçados a participar do estupro coletivo, após terem sido ameaçados e espancados por um oficial.
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