"Minha sensação é que há partidas arranjadas na Série A, mas não têm tanto a ver com as apostas esportivas, são acordos tomados em nível de clubes, em função de sua conveniência", declarou o promotor Roberto Di Martino após o interrogatório de sete horas do dentista e ex-colaborador do Ancona Marco Pirani, que estaria no centro da polêmica, publicou nesta quarta-feira o jornal esportivo "La Gazzetta dello Sport".
O promotor reconheceu que por enquanto não tem provas para sua teoria, mas revelou que sua intuição lhe diz que a combinação de resultados não depende dos jogadores, mas dos clubes.
A imprensa italiana afirma que durante o interrogatório Pirani confirmou que os jogos arranjados são 30 e não 18, como se pensava até o momento, e confirmou que entre eles há vários da primeira divisão.
Além do dentista, outro suposto envolvido na fraude que foi ouvido pela Justiça nesta quarta foi o ex-atacante Giuseppe Signori, que se encontra em prisão domiciliar.
Após o interrogatório, os advogados do ex-jogador da seleção italiana revelaram que foi proposto a seu cliente intervir para que fosse combinado o resultado do confronto entre Inter de Milão e Lecce, em março deste ano, mas ressaltaram que ele se negou.
Por outro lado, a lista de nomes de suspeitos de envolvimento segue aumentando, e na terça-feira apareceram dois novos nomes, o do ex-atacante Christian Vieri e o do capitão da Roma, o meia Francesco Totti.
As suspeitas sobre Totti derivaram de uma conversa telefônica entre Pirani e outro dos detidos, Massino Erodiani, ocorrida em 21 de março deste ano, um dia depois do empate em 2 a 2 da equipe da capital italiana com a Fiorentina.
Na ligação, os detidos comentaram que "o capitão da equipe ""giallorossa"" disse que o jogo seria encerrado com muitos gols", o que realmente aconteceu. No entanto, jornais locais, como o "Corriere della Sera", acreditam que as suspeitas sobre o veterano meia pode ser apenas uma suposição, porque o Lecce também viste de vermelho e amarelo.
Totti respondeu às suspeitas se declarando completamente alheio às acusações e garantiu estar tranquilo e, ao mesmo tempo, chateado por ter sido envolvido no escândalo sem que seu nome sequer tenha aparecido de maneira explícita.
Quanto a Vieri, a investigação aponta que o goleiro Marco Paoloni, também detido, afirmou aos responsáveis pela fraude que o jogo entre Inter e Lecce terminaria com três ou mais gols no placar, o que acabou não acontecendo.
Outro suspeito, o ex-meia Ivan Tisci, explicou por telefone ao ex-jogador do Bari, Antonio Bellavista, que também foi preso, que se encontrou com Vieri no dia do jogo e que ele confessou que "não tinha apostado muito e que tinha jogado de casa, com o computador".
Tisci depois afirmou que Vieri seguia a corrente que a partida entre Inter e Lecce terminaria com três ou mais gols e que a aposta pagava 3,5 euros para cada euro investido.
O ex-atacante se desvinculou das acusações nesta quarta-feira e ameaçou processar quem ofender sua reputação.
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