Centenas fogem da Síria para a Turquia, temendo ataque do Exército
Centenas de sírios estão cruzando a fronteirado norte da Síria com a Turquia para escapar da violência no país.
Muitos dizem ter saído da cidade de Jisr al-Shughour porque temiam uma ofensiva militar, depois que o governo afirmou que 120 oficiais das forças de segurança foram mortos por “gangues armadas”.
Moradores que permaneceram na cidade criaram barricadas nas estradas em uma tentativa de impedir e entrada das forças de segurança.
O governo turco afirmou que não fechará as portas aos refugiados. Falando em uma coletiva de imprensa em Ancara, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que o país está monitorando a situação e pediu a Damasco que agisse com tolerância.
Enquanto isso, Grã-Bretanha e França aumentaram a pressão sobre o Conselho de Segurança da ONU para que haja uma votação de uma resolução que condene o governo sírio pela repressão aos protestos.
O governo britânico anunciou que pretende apresentar um projeto para a resolução ainda nesta quarta-feira.
No entanto, diferentemente do caso da Líbia, a resolução não sugere ações militares ou sanções a Damasco.
"Queimando pneus"
O enviado especial da BBC à fronteira entre a Síria e a Turquia, Owen Bennett-Jones, disse que ambulâncias turcas estão transportando refugiados feridos da Síria para dentro do país.
Alguns deles estão sendo deixados em acampamentos na fronteira e outros são levados para o hospital de uma cidade vizinha.
Oficialmente, a Turquia diz que 450 pessoas já atravessaram a fronteira, mas moradores locais dizem que o número pode ser maior.
O governo disse que vai agir “com firmeza” para retomar o controle da cidade, depois que 120 soldados foram mortos na última segunda-feira.
Mas os manifestantes insistem que o levante popular contra o regime do presidente Bashar al-Assad é pacífico e rejeitam os relatos do governo sobre gangues armadas.
O suposto ataque ocorreu em um momento de intensificação dos conflitos no último fim de semana que resultou na morte de dezenas de ativistas anti-governo.
O correspondente da BBC no Líbano, Jim Muir, diz que ainda não há relatos de ações militares em Jisr al-Shughour, apenas rumores sobre movimentação das tropas e preparativos nos arredores da cidade.
Testemunhas dizem que alguns ativistas ergueram barreiras de pedras, troncos de árvores e pneus queimados na principal estrada de acesso á cidade, para tentar bloquear o avanço das forças de segurança.
Na última terça-feira, moradores de Jisr al-Shughour escreveram mensagens no site Facebook, dizendo que temem um "massacre" e pedindo ajuda de pessoas de fora do país.
Texto revisado
apresentada ao Conselho de Segurança foca na “condenação da repressão e exigência de prestação de contas e ação humanitária” por parte do governo da Síria.
“Se alguém votar contra a resolução ou tentar vetá-la, isso deve estar em sua consciência”, disse.
Na última terça-feira, o porta-voz da Grã-Bretanha na ONU disse que uma votação do Conselho deverá acontecer no fim desta semana ou no início da próxima.
Horas antes, o ministro das Relações Exteriores francês Alain Juppe disse que é “inconcebível que as Nações Unidas permaneçam em silêncio”, enquanto a violência na Síria aumenta.
No entanto, a correspondente da BBC na ONU, Barbara Plett, diz que alguns membros do Conselho – como o Brasil, a África do Sul e a Índia – estão receosos sobre a votação.
Eles temem que uma resolução possa ser o primeiro passo em direção a uma intervenção militar como a que acontece na Líbia, por causa da repressão aos protestos contra o coronel Muamar Khadafi.
Mas diplomatas dizem que a França e a Grã-Bretanha revisaram os textos considerando estas preocupações.
Os dois países querem conseguir o apoio do maior número possível de membros no conselho para tornar politicamente difícil para a Rússia e a China – dois países poderosos que não apoiam qualquer ação contra o país – vetar a resolução.
Na fronteira com a Síria, ambulâncias turcas tratam feridos
Também nesta quarta-feira, a embaixadora da Síria na França negou que tenha renunciado ao cargo.
Em entrevista à TV francesa, Lamia Chakkour disse que a suposta entrevista telefônica em que ela teria dito que renunciaria era parte de uma campanha de desinformação contra o governo do presidente sírio Bashar al-Assad.
Os protestos pela renúncia de Assad, inspirados pelos levantes populares que derrubaram os governo de Tunísia e Egito, vêm ocorrendo há meses na Síria.
Eles começaram em março na cidade de Deraa e se espelharam por várias cidades.
Assad, cuja família dirige a Síria há quatro décadas, prometeu introduzir reformas, mas seus oponentes exigem que ele deixe o poder.
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