Ex-secretário manobra para evitar depoimento ao Ministério Público sobre suposta evolução patrimonial
Marchetti tenta barrar investigação sobre patrimônio
O ex-secretário de Infraestrutura do Estado, Vilceu Marchetti, entrou com um mandado de segurança, no Tribunal de Justiça, para tentar barrar as investigações do Ministério Público Estadual sobre as denúncias de suposto aumento de seu patrimônio pessoal.
O pedido, no entanto, foi rejeitado pelo juiz Gilberto Geraldelli.
As suspeitas sobre o suposto enriquecimento ilícito de Marchetti foram levantadas a partir da declaração de bens do ex-secretário, que, segundo auditoria do Tribunal de Contas do Estado, revela indícios de aumento patrimonial incompatível com seus rendimentos como servidor público estadual.
No período de 2005 a 2010, quando atuou no Governo Blairo Maggi (PR), no comando da então Sinfra (antes, Secretaria de Transportes), Marchetti teria adquirido quatro fazendas, que totalizariam 19,6 mil hectares, e 2,3 mil cabeças de bovinos e bubalinos (búfalos).
Nesta semana, o ex-secretário deixou de comparecer a uma audiência no Ministério Público Estadual, onde seria ouvido pelo promotor Mauro Zaque.
Vilceu Marchetti foi notificado pelo MPE no mês passado e o prazo para depor se encerrou na terça-feira (7). Nesta semana, ele apresentou, por meio de seu advogado, um atestado médico, no qual um cardiologista informa que o ex-secretário está impossibilitado de comparecer à audiência.
Segundo Mauro Zaque, necessariamente, o ex-secretário não precisa ser ouvido pelo MPE. "Queria ouvi-lo até para oportunizar ao ex-secretário uma forma de defesa", disse ao MidiaNews o promotor, que ainda vai analisar se convoca ou não Marchetthi novamente para depor.
Sinais exteriores de riqueza
De acordo com a declaração de bens apresentada por Vilceu Marchetti ao TCE, em pelo menos duas fazendas, o ex-secretário seria proprietário de 100% e 20%, o que resultaria em um acréscimo da ordem de R$ 1,3 milhão em seu patrimônio.
Com seu desligamento do Executivo, em maio de 2010, quando foi apontado como um dos principais suspeitos de um esquema de superfaturamento de R$ 42 milhões na compra da maquinários pesados pelo Governo, Marchetti teve, por força da lei, que apresentar sua declaração de renda ao TCE.
Nos levantamentos técnicos realizados pela Secretaria de Controle Externo do órgão, ficou configurado que, entre 2004, quando assumiu como secretário-adjunto (em 2005, ele passou a responder como secretário), e 2010, quando se desligou, após suspeitas de favorecimento nas licitações para aquisição de 705 equipamentos do Programa MT 100% Equipado, a um custo de R$ 241 milhões, o patrimônio de Vilceu Marchetti cresceu 8,75 vezes.
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