Ex-prefeito é acusado de incentivar invasão de 80 mil ha
O ex-prefeito de Colniza (1,2 mil km de Cuiabá) Sérgio Bastos dos Santos, o “Serjão” (PMDB), é acusado por proprietários de áreas naquele município de incentivar invasão de uma fazenda de 80 mil hectares, inclusive usando nomes de secretários de Estado e deputados estaduais para mobilizar os grileiros.
“Segundo os grileiros, Serjão dizia que tinha o ‘aval’ do Estado para entrar nessa área e legalizá-la”, falou hoje, ao Olhar Direto, o capitão Taques, da Polícia Militar.
A reintegração de posse ocorreu no último sábado, com cerca de 30 policiais de Colniza e apoio de uma equipe do Comando Tático (Cotar) de Cuiabá. O capitão informou que os grileiros saíram passivamente, após o promotor de Justiça Augusto Lopes Santos, que acompanhou a PM, dizer do mandado judicial expedido pelo juiz da Comarca.
A área invadida fica a cerca de 70 quilômetros da sede de Colniza. No momento da operação, segundo Taques, cerca de 30 pessoas estavam no local. “Mas em ata de uma suposta associação entre eles havia nomes de 80 pessoas que invadiram a terra, para fazer um assentamento”, lembrou o militar.
O ex-prefeito Serjão não foi encontrado pela reportagem para falar da acusação. Ele comandou o município de 2005 a 2008 e atualmente responde a processos por improbidade administrativa, inclusive com determinação da Justiça bloqueando bens.
Uma das ações é movida pela atual prefeita, Nelci Capitani (PP), por supostamente não encontrar R$ 237 mil de patrimônio do município quando assumiu o cargo. Outra ação, do Ministério Público do Estado, é por causa de contratações de R$ 2,1 milhões em obras e serviços sem procedimentos licitatórios.
Conflitos
A fazenda já é palco antigo de conflitos agrários e já resultou em duas chacinas nos anos de 2008 e 2009. A primeira delas resultou na morte de três trabalhadores e ainda uma tentativa de homicídio.
No dia 5 de dezembro de 2008, as vítimas estavam em uma camionete F-350 e iam em direção à sede da fazenda, que fica a 30 quilômetros da cidade, quando foram surpreendidas por um grupo de homens que atiraram primeiro no motorista do carro, o topógrafo paranaense Paulo Gilberto Gobitti, de 53 anos.
Em seguida, os tiros atingiram os funcionários da fazenda Joanes de Oliveira Nunes, 36 anos, conhecido como ‘Cacique’, e Fabrício Teodoro de Souza. A quarta pessoa que estava na caminhonete também foi atingida com tiros nas costas, mas conseguiu sair do carro e caminhar na estrada em busca de socorro.
Um ano depois, em dezembro de 2009, dois funcionários foram executados e um terceiro ficou ferido. O assassino invadiu o quintal da residência de uma das vitímas quando encontrou os três funcionários conversando no pátio da casa e começou a disparar imediatamente. Weslei Souza Miranda, 20 anos, foi atingido no braço, mas conseguiu fugir com vida.
Weslei conta que Edelson Gomes Vital, de 24 anos, tentou correr para a cozinha, mas foi interceptado por vários tiros e, sem resistir aos ferimentos, morreu no local do crime. Já Ernanis Bernades, de 33 anos, dono da casa, correu para os fundos da residência, onde acabou caindo dentro de uma fossa. Lá ele foi executado com facilidade, alvejado por vários tiros.
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