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Internacional
Terça - 07 de Junho de 2011 às 13:55

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A Comissão Europeia criticou nesta terça-feira o governo alemão por lançar alertas, sem comprovação científica, contra legumes e hortaliças suspeitas de transmitir a letal bactéria E. coli Enterohemorrágica (EHEC) e vetar o consumo de determinados produtos sem uma base sólida.

"É crucial que as autoridades nacionais não se apressem a lançar alertas sem fundamento, isso cria psicoses e problemas", afirmou o comissário da União Europeia para Saúde, John Dalli, durante um debate no Parlamento Europeu em Estrasburgo.

"É importante desencadear alertas quando se está seguro dos dados científicos", completou, reiterando as críticas da véspera de uma reunião dos ministros de Saúde europeus, em Luxemburgo.

Logo no início do surto, Cornelia Prüfer-Storks, responsável pela secretaria de Saúde de Hamburgo, apontou em direção aos pepinos espanhóis como fonte da infecção. Na época, quatro legumes foram coletados aleatoriamente, junto a outros produtos, de um mercado em Hamburgo para realizar testes e o produto foi retirado das prateleiras. Na semana passada, os testes voltaram negativo.

Até então, contudo, as acusações alemãs levaram os Estados Unidos a controlar toda a importação de pepinos, verduras e tomates provenientes de Alemanha e da Espanha. Já a Rússia decidiu banir a importação de legumes de todos os países europeus em ação duramente criticada pela UE.

Agora, a suspeita recai sobre os brotos de feijão e sementes germinadas cultivadas em uma fazenda orgânica de Uelzen, no norte da Alemanha. A fazenda foi fechada no domingo e toda sua produção foi recolhida, incluindo ervas frescas, flores e batatas.

O governo alemão disse que 18 tipos diferentes de vegetais produzidos na fazenda estão sob suspeita, incluindo ainda brócolis, ervilhas, rabanete e alho. MAs testes em 23 das 40 amostras recolhidas já voltaram negativo para contaminação pela EHEC.

Os resultados deram negativo também para um pacote de brotos dessa fazenda encontrados no refrigerador de um paciente de Hamburgo que já se curou. O pacote, que venceu em 23 de abril, ou seja, oito dias antes de serem detectados os primeiros casos graves, podia oferecer uma pista mais segura da origem do surto, já que não poderia ter sido contaminado após o início da transmissão em massa da bactéria.

O Ministério de Agricultura alemão, à espera de resultados concretos, manteve na segunda-feira o alerta para pepinos, tomates e alfaces e nas sementes de soja.

GESTÃO

A falta de resultados esclarecedores alimentaram as críticas ao setor agrícola alemão, à oposição social-democrata-verde, à gestão do governo federal e especialmente à ministra de Agricultura, Ilse Aigner.

A incerteza fez um rombo em todo o setor das hortaliças, alemãs e importadas, ao que contribuiu a multiplicidade de governos envolvidos federal e dos "Länder", tanto Hamburgo como a Baixa Saxônia, quanto dos laboratórios que praticam as análises e divulgam as conclusões.

O Instituto Robert Koch é o que centraliza os testes da doença infecciosa, por incumbência do governo federal, mas paralelamente divulgaram resultados a partir da Clínica Universitária de Hamburgo como de outros laboratórios.

A ministra alemã da Agricultura e Consumo, Ilse Aigner, respondeu às críticas e disse que "trabalhamos todos juntos atualmente. Não há nenhum conflito de competência."

O diretor do Instituto Robert Koch reconheceu, no entanto, que o federalismo alemão, que divide de forma precisa o poder de decisão, podia complicar o trabalho. "Mas o sistema federal é sagrado na Alemanha", disse Reinhard Burger.

BACTÉRIA

O atual surto foi causado por uma variedade supertóxica de E. coli, que normalmente pode ser encontrado nas fezes de humanos e animais e pode se espalhar com maus hábitos de higiene desde a fazenda até o preparo do alimento.

Mais de 2.200 pessoas em 12 países já apresentaram sintomas de infecções intestinais provocadas pela bactéria. Quase todos os casos registrados fora da Alemanha são de pessoas que moram ou viajaram ao país. Ao menos 23 pessoas morreram, 22 na Alemanha e uma na Suécia. A agência de notícias France Presse fala em ao menos mais dois mortos, na Alemanha.

O EHEC tem um período de incubação médio de três a quatro dias e a maioria de pacientes se recupera em dez dias. Mas em uma pequena parte dos pacientes --principalmente crianças e idosos-- a infecção pode levar à Síndrome Hemolítico-Urêmica (SUH), causada por uma toxina específica desta variedade de E.coli que destrói hemácias (células vermelhas do sangue) e provoca insuficiência renal.






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