Autoridades líbias estão sendo acusadas de manipulação da mídia depois de levar jornalistas estrangeiros a um hospital para ver o que o governo alega ser crianças vítimas de bombardeios da Otan. Segundo o correspondente da BBC em Trípoli Wyre Davies, um grupo de jornalistas foi levado nesse domingo a um hospital em Trípoli, depois de ver uma casa que teria sido danificada em um ataque das forças ocidentais, próximo a instalações militares.
O repórter afirma que, já no hospital, um funcionário não-identificado passou uma nota a um jornalista, dizendo que uma menina inconsciente, identificada como ferida por um bombardeio, era, na verdade, vítima de um acidente de trânsito. O correspondente da BBC diz que as suspeitas de manipulação foram reforçadas mais tarde, quando um homem sentado ao lado da cama da criança, afirmando ser seu tio, acabou sendo identificado como uma autoridade da mídia estatal líbia.
A Líbia vem sendo alvo de ataques aéreos comandados pela Otan e autorizados por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, sob a justificativa de proteger os civis em meio aos conflitos entre rebeldes e forças leais ao governo. Os insurgentes e as forças leais ao líder líbio, coronel Muammar Kadafi, se enfrentam em combates em diversas áreas do país desde fevereiro deste ano, depois da realização de protestos populares exigindo reformas democráticas e a mudança do governo.
Condições rígidas
Davies afirma que a mídia estrangeira trabalha em condições extremamente rígidas e restritivas na Líbia. "Quando somos levados por guardas do governo para ver as consequências de bombardeios da Otan, aquilo que nos é apresentado é impossível de verificar e, francamente, às vezes difícil de acreditar", diz o correspondente da BBC.
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