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Segunda - 06 de Junho de 2011 às 07:56

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Duas semanas atrás, quando chegou sob olhares de desconfiança em Paris, Rafael Nadal fez uma titubeante estreia em cinco improváveis sets contra o gigante voleador John Isner. Ontem, foi do mesmo modo que o espanhol iniciou sua final contra Roger Federer: lento, inseguro, e vendo o suíço abrir vários games de vantagem com um tênis de primeiríssima linha.

Mas nestas duas ocasiões, que abriram e encerraram a sétima participação do espanhol em Roland Garros e o levaram a sua sexta coroa, Nadal pôs em prática sua teoria que secretamente tanto parece empregar: a vitória está ali na quadra, basta encontrá-la.

Na final desse domingo, Nadal deu um exemplo categórico da sua devoção tática e da sua entrega de espírito. Plasticamente, como de costume, Federer era quem chamava a atenção, repetindo a atuação quase perfeita que dois dias antes o havia feito triunfar sobre Novak Djokovic. O suíço sobrava em quadra - e sobrava tanto que, por milímetros, deixou escapar um set point quando Nadal sacava ameaçado em 2-5, numa deixada que caprichosamente teimou em não tocar a linha.

Federer, que até ali fazia um jogo impecável, cometeu o pecado de, com um simples erro, perder a sintonia, e, sem ela, a confiança que lhe é tão imprescindível para vencer Nadal. O resultado foi uma avalanche de sete games seguidos para o espanhol - o suficiente para, num toque de mágica, garantir o primeiro set e largar na frente no seguinte. Neste, Federer lutou muito e arrancou um tie-break, no qual Nadal, nova e teimosamente, escarafunchou pontos e cravou 2 sets a 0.

Quando Nadal abriu 4 a 2 na terceira parcial, a definição parecia questão de tempo. E foi justamente o mau tempo parisiense que, numa pequena pausa provocada pela chuva, trouxe de volta o sol para a escuridão da mente de Federer. O suíço esqueceu as nuvens que carregava consigo desde aquela deixada no primeiro set e virou o jogo, fechando em 7-5. O Federer da precisão, da agressividade e da ousadia havia voltado, para o delírio do público.

A vitória no quarto set se ofereceu cedo para Federer, ao obter, logo de cara, três chances consecutivas de quebra para largar na frente - praticamente uma reedição do saudoso início avassalador do jogo. Mas aí Nadal, mais uma vez, cavou fundo no saibro de Paris e, tal qual arqueólogo da raça e da superação, achou a solução.

Neste momento crítico, elevou o volume de jogo e, com golpes firmes, precisos e extremamente ofensivos, salvou seu saque. Foi o primeiro passo para, logo depois, devolver os mesmos 0-40 no saque do suíço - que, por sua vez, não teve nem de longe a mesma consistência do espanhol, obtendo a quebra logo na primeira oportunidade. Era o caminho definitivo para o título, 6-1 no quarto set.

Este 3 a 1 de Nadal sobre Federer talvez tenha sido a mais disputada final de Roland Garros entre ambos. Mas, apesar da intensidade dos pontos, da beleza das jogadas e do placar apertado, a vitória sempre esteve muito mais próxima de Nadal, que, embora não tenha ditado o ritmo da partida, reinou soberano nos pontos decisivos - desafiado constantemente pelo seu maior rival, mas, tal qual rei do saibro francês, jamais verdadeiramente ameaçado.

Federer, por sua vez, deu provas definitivas (se é que ainda eram necessárias) de que contra Nadal o que lhe falta é solidez mental, e não consistência técnica. Federer tratou de tomar as rédeas da partida o tempo inteiro - mas, durante importantes lapsos de tempo, elas lhe escorregaram e caíram nas mãos do sempre presente e atento Nadal. Os erros nos pontos decisivos e a falta de disciplina tática - tão necessária contra Nadal - são consequência da sua insegurança frente a determinação do espanhol.

Foi uma tarde em que a chuva e o sol visitaram Phillipe Chartrier, e na qual o título de Roland Garros sorriu tanto para Nadal como para Federer. Mas Nadal, mais uma vez, soube vê-la com mais nitidez, compreendê-la com mais simplicidade, e agarrá-la com muito mais vontade. O recorde de seis coroas de Bjorn Borg jamais poderia ser igualado de outro modo.

O caminho até o título
1ª rodada: Nadal derrota Isner (EUA); 6-4, 6-7, 6-7, 6-2, 6-4
2ª rodada: Nadal derrota Andújar (ESP); 7-5, 6-3, 7-6
3ª rodada: Nadal derrota Veic (CRO); 6-1, 6-3, 6-0
Oitavas: Nadal derrota Ljiubicic (CRO); 7-6, 6-3, 6-3
Quartas: Nadal derrota Söderling (SUÉ); 6-4, 6-1, 7-6
Semifinal: Nadal derrota Murray (GBR); 6-4, 7-5, 6-4
Final: Nadal derrota Federer (SUÍ); 7-5, 7-6, 5-7, 6-1





Fonte: Terra

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