Painel da ONU confirma efeitos alarmantes das mudanças climáticas
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) iniciou nesta segunda-feira (23) uma conferência em Estocolmo, na Suécia, confirmando as alarmantes consequências das mudanças climáticas.
"As provas científicas das (...) mudanças climáticas se reforçaram a cada ano, deixando pouca incerteza, salvo sobre suas graves consequências", declarou o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, durante a abertura do evento.
O IPCC, que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 2007, revelará nesta sexta-feira (27), após quatro dias de debates, o primeiro volume de um relatório completo sobre as mudanças climáticas, suas consequências e os meios para combater o problema, confirmou Pachauri.
Este será o quinto relatório do painel da ONU – que reúne milhares de cientistas – desde sua criação, em 1988. Segundo uma versão provisória do texto obtida pela AFP, o relatório confirmará a responsabilidade do ser humano no aquecimento da Terra e apontará a intensificação de alguns eventos extremos.
Os delegados – cientistas e representantes de governos – divulgarão o documento depois de examinar as novas evidências das mudanças climáticas e suas consequências. O presidente do painel lembrou que o objetivo da reunião é validar a primeira parte do relatório sobre o aquecimento global, que deixará em evidência a responsabilidade do homem e a grave situação que o planeta enfrenta.
Pachauri ressaltou que o texto será aprovado "linha por linha" antes do fim da reunião em Estocolmo. O relatório, que conta com a colaboração de 520 autores, também ressaltará a intensificação de alguns fenômenos extremos, entre eles o aumento do nível do mar, segundo a versão do documento obtida pela AFP.
O texto destacará, ainda, a urgência de tomar medidas para poder conter o aquecimento da Terra em 2° C, objetivo adotado por 195 países, mas que parece cada vez mais distante, segundo cientistas.
Pachauri prometeu que o diagnóstico contido no informe será inquestionável.
"Não conheço um documento que tenha sido submetido a esse tipo de análise minuciosa e que tenha envolvido tantas pessoas com espírito crítico, que ofereceram sua perspicácia e seus conselhos", afirmou o co-presidente do grupo de trabalho que assinou o documento, Thomas Stocker.
O relatório "se baseou em milhares de medições na atmosfera, na terra, no gelo, no espaço", afirmou o cientista suíço, que é professor da Universidade de Berna. Ele ressaltou que essas medidas permitem ter uma visão sem precedentes e imparcial do estado do sistema climático.
"A mudança climática é um dos grandes desafios de nossa época", disse o especialista, destacando que "essa mudança ameaça nossos recursos primários, a terra e a água".
"E como ameaça nossa única residência, devemos enfrentá-la", ressaltou o especialista, acrescentando que isso exige "as melhores informações para tomar as medidas mais eficazes".
O último IPCC, de 2007, gerou uma mobilização sem precedentes a respeito do clima, o que lhe rendeu a atribuição do prêmio Nobel da Paz, ao lado do ex-vice-presidente americano Al Gore.
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