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Internacional
Sábado - 04 de Junho de 2011 às 11:18

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Os índios Sapará da Amazônia equatoriana, dizimados pela exploração de suas terras durante séculos, tentam impedir que a fonética de seu idioma desapareça, língua que é apenas falada com perfeição por seis idosos. O ano começou com oito idosos que falavam fluentemente sua língua, considerada Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco, mas dois morreram.

Os restantes "estão em boa saúde, mas estão bem velhos", disse à Agência Efe Bartolo Ushigua, pertencente à Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador e ex-presidente da organização Saparás. Em 1680, a comunidade estava integrada por 98,5 mil membros, mas no início do século XX, o número se reduziu a 20 mil, segundo o Ministério Coordenador de Patrimônio.

Sobre o número atual de Saparás há divergências, pois enquanto o Ministério de Patrimônio afirma que existem 400 indígenas dessa comunidade no Equador e 500 no Peru, segundo os cálculos de Ushigua há 1,5 mil só no Equador, a maior parte deles na província de Pastaza.

De acordo com o Ministério, a redução dramática da população respondeu à ingerência de empresas madeireiras e petrolíferas, além da mistura com outros povos e culturas que produziram uma mestiçagem "e a quase extinção deste povo".

Além dos seis idosos que dominam a língua, cinco jovens falam "muito bem" o idioma, segundo Ushiga, que, na sua opinião, a língua dos Saparás não está em perigo de desaparecer já que agora o idioma faz parte das disciplinas nas escolas das crianças entre dois e cinco anos, e porque contam com um linguista e três gramáticas, escritas desde 2004.

Sua preocupação se resume à fonética: "Nessa parte estamos em perigo, porque os jovens que aprenderam a falar não fazem como os maiores. Misturam as línguas, o som é quase como quíchua e também se combinou com o espanhol", disse.

A língua dos Saparás, que significa "pessoa da floresta", "não é difícil", segundo Usigua, que a entende, mas não fala por falta de prática, pois desde criança estudou em espanhol e em quíchua. O líder dos Saparás comentou, também que subsistem só dois dos 32 dialetos que tinha o idioma.

Por isso, os Saparás querem fazer um documentário "para que não se perca o som da língua", para o qual pediram fundos (US$ 12 mil) ao Ministério Coordenador de Patrimônio Natural e Cultural do Equador. O projeto levaria cinco meses para a elaboração do documentário que incluiria, entre outros, contos e gramática, comentou Luciano Ushigua, técnico da Direção de Educação Sapará, que assinalou que gostariam de incluir sugestões de palavras por parte dos idosos para designar coisas modernas.

Por exemplo, só conheceram o avião quando dois missionários chegaram às comunidades, e o chamaram "arapiaunja", ou ave grande que voa, enquanto ainda não sabem como chamar os computadores ou os automóveis, que são desconhecidos pelos os idosos, que estão em várias comunidades espalhadas na zona fronteiriça com o Peru, e onde os produtores do documentário chegariam após 45 minutos em um pequeno avião.

No Equador existem 22 comunidades Saparás, que vivem da caça e da pesca, em harmonia com a natureza, e segundo sua mitologia são descendentes dos macacos, por sua grande agilidade. Tradicionalmente confeccionam suas roupas com a crosta de uma árvore e, segundo Bartolo Ushigua, orientam as atividades da comunidade com base nos sonhos.

"Todas as coisas que acontecem no dia seguinte nós sonhamos e, de acordo com isso tomamos decisões, como sair para caça ou ficar em casa porque espreita algum perigo", comentou Ushigua. Essa cultura também está relacionada com a linguagem, que a comunidade quer resgatar como forma de preservar sua própria identidade.





Fonte: EFE

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