Embargo russo a frigoríficos traz perda mensal de US$ 73 mi
Pecuaristas e donos de frigoríficos dos três Estados prejudicados pelo embargo da Rússia à importação de carne brasileira (MT, PR e RS), estimam um prejuízo de US$ 73 milhões por mês em razão da medida.
Representantes do setor ouvidos pela Folha consideraram o bloqueio "injustificável" e acusam os russos de protecionismo.
Assim como o governo, os produtores ressaltam que o comunicado sobre o embargo não foi acompanhado de justificativas técnicas.
"Quando não existe problema, eles criam problema", diz o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos, Péricles Salazar.
O governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), declarou-se "surpreso" com a posição russa e diz que ainda aguarda detalhes sobre os motivos do embargo. "O que podemos afirmar é que, do ponto de vista da sanidade do rebanho, Mato Grosso vem fazendo seu dever de casa muito bem."
Para Jandir Milan, presidente da Fiemt (Federação das Indústrias de Mato Grosso), a medida russa teve a intenção, acima de tudo, de fortalecer a produção própria de carne, na qual o país vem investindo muito. "Para fazer a roda girar lá, eles têm que fechar aqui", afirma.
Os produtores, agora, estudam medidas para amenizar o impacto do embargo.
Segundo o presidente do Sicadergs (Sindicato da Indústria de Carnes do RS), Ronei Lauxen, será necessário procurar outros destinos. "Em último caso, vamos nos voltar para o mercado interno, o que pode derrubar os preços e prejudicar o produtor."
DEMISSÕES
O grupo Marfrig anunciou ontem a demissão de 250 funcionários do frigorífico gaúcho Capão do Leão 2, o equivalente a 29% do quadro total de funcionários.
A unidade era habilitada a exportar carne bovina para a Rússia e entrou no corte de anteontem. O Marfrig negou que as demissões tenham relação com a suspensão russa.
"A redução na produção de Capão do Leão 2 está relacionada à baixa oferta de gado na região. Não há relação com o embargo russo", disse por meio de nota James Cruden, diretor da Marfrig.
O presidente do Sindicato da Alimentação de Pelotas, Lair Mattos, confirmou que a decisão não está relacionada ao embargo russo --os cortes já haviam sido anunciados em maio.
As demissões abrangeram funcionários do segundo turno de produção. A unidade, que tem capacidade instalada para abater 600 cabeças de bovinos por dia, continuará operando com um turno e cerca de 600 funcionários.
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