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Nacional
Quinta - 02 de Junho de 2011 às 16:00

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O presidente de Cuba, Raúl Castro, completa 80 anos na próxima sexta-feira em uma acelerada luta contra o tempo para reformar o desgastado modelo econômico cubano e preparar a "última missão": um sucessor que garanta a sobrevivência do sistema comunista na ilha.

Raúl, a quem o irmão mais velho Fidel Castro cedeu o poder em julho de 2006. quando estava doente, parece gozar de uma boa saúde física e psicológica, e trabalha sem parar num plano de mais de 300 reformas econômicas que considera urgentes para evitar o colapso da revolução.

Enquanto são planejadas festas para celebrar os 85 anos que Fidel castro completa no próximo dia 13 de agosto, não há nada anunciado quanto ao aniversário de 80 anos do atual presidente.

Mesmo com a longevidade dos líderes da ilha, os cubanos já estão em busca de um próximo presidente para substituir a geração que governou o país por 52 anos, liderada pelos irmãos Castro.

A sucessão de um irmão para outro ocorreu de maneira calma, como o previsto desde a vitória da revolução em 1959, antes de uma morte natural ou de um atentado contra Fidel. Entretanto a grande pergunta, agora, é "quem assume depois de Raúl?".

"A história julgará Raúl Castro pela capacidade para transformar Cuba num país de economia mista e a habilidade para transferir gradualmente suas funções a uma geração com diferentes experiências, perspectivas e formações. Há pouco tempo para fazê-lo", disse à AFP o analista cubano Arturo López-Levy, da Universidade de Denver.

O próprio Raúl admitiu no VI Congresso do Partido Comunista (PCC) em abril como uma "grande vergonha" o fato de não haver sucessão em Cuba, sem líderes jovens visíveis após a queda do vice-presidente Carlos Lage e do chanceler Felipe Pérez Roque em 2009.

Quando Fidel esteve doente, a cúpula da velha guarda, apoiou Raúl Castro como sucessor de Fidel, elegendo o irmão mais novo como primeiro secretário do PCC -cargo máximo-, acompanhado pelo vice-presidente José Ramón Machado, de 80 anos, e o Comandante Ramiro Valdés, de 79.

Ao mesmo tempo, o general Raúl Castro, que foi ministro das Forças Armadas por quase meio século, formou um governo com forte presença dos militares de sua confiança, para pôr o país em funcionamento.

Os desafios cubanos são grandes: acabar com a inercia mental de uma monstruosa burocracia que em meio século deixou como raiz um acúmulo de privilégios; manter a unidade; e pôr para produzir um país que gasta 1,5 bilhaõ de dólares em alimentos, vivendo de um enorme mercado negro e se acomodou ao paternalismo estatal.

Seu plano, que busca desmantelar o supercentralizado modelo soviético, estabelece a abertura para o setor privado e ao capital estrangeiro, o corte de um milhão de empregos estatais, autonomia empresarial, descentralização da economia, impostos e eliminação dos subsídios.

A reforma inclui medidas de apoio social como a permissão de compra e venda de casas e carros; mas as pessoas ainda reclamam de salários de US$ 20 por mês.

"Que complete os 80 anos e muitos outros, mas que deixe que os jovens façam as mudanças, porque têm mais visão. Vivemos em novos tempos, o passado ficou para trás", opinou Yosmel Pérez, bioquímico de 22 anos, que vende livros antigos no centro histórico de Havana.

Nascido na cidade de Birán (sudoeste), filho do galego Angel Castro e da camponesa cubana Lina Ruz, Raúl é o quarto de sete filhos, sempre à sombra de Fidel até tomar o poder: homem de poucas, mas precisas palavras.

"Para dirigir este país é preciso ser firme. Fidel é condescendente, brando. Raúl tem mão forte. Mas agora tem que preparar o sucessor", disse Ignacio Cisneros, ex-combatente e mecânico de 70 anos.

Apesar do vigor, Raúl, que perdeu a esposa em 2007 e tem quatro filhos, reconhece o peso da idade e enviou uma proposta surpreendente ao Congresso: limitar ao máximo de dez anos os mandatos no poder, inclusive do primeiro secretário do PCC e do presidente do país.

Deixando claro que pensa na sucessão, o octogenário descreveu como sua última missão: "defender" e "preservar" o socialismo e "não permitir jamais o retorno do regime capitalista".





Fonte: AFP

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