De "Um Amor Quase Perfeito"¸ em que uma viúva descobre que seu marido manteve um amante por quase uma década, a "O Primeiro que Disse", quando um rapaz decide contar à família que é gay, a filmografia de Ozpetek oscila entre o drama e a ironia.
O resultado, invariavelmente, são filmes cuja mensagem é forte, mas contada de forma leve e expressada com doçura por seus protagonistas.
Em vez de centrar-se nos conflitos de um personagem específico, em seu novo filme,"Saturno em Oposição", o cineasta dá lugar a uma turma de amigos.
Ele nos apresenta Lorenzo (Luca Argentero, de "Em Nossa Casa"), narrador, que reúne seu grupo para um jantar em casa. Pouco se sabe sobre os objetivos do encontro, mas ele dará início a uma série de conflitos ocultos entre eles.
A começar pela vontade com que Lorenzo tenta aproximar o próprio companheiro Davide (Pierfrancesco Favino) do amigo Paolo (Michelangelo Tommaso). Ou a personalidade cáustica de Neval (Serra Yilmaz, de "A Janela da Frente"), que trata seu marido Roberto (Filippo Timi) a pontapés.
Há ainda Antonio Pontesilli (Stefano Accorsi, de "O Quarto do Filho"), que engana a mulher Angelica (Margherita Buy, de "Um amor Quase Perfeito") com a amante, Laura (Isabella Ferrari). E Sergio (Ennio Fantastichini, de "O Primeiro que Disse"), um homem depressivo e beberrão, que não consegue esquecer Davide.
Um fato inesperado leva todos a repensar suas atitudes e se comportar, como o próprio narrador defende, como uma família. Será ele a abrir as feridas do grupo para que cada um deles coopere na cicatrização.
Ferzan Ozpetek, mais uma vez, explora a implacável imperfeição das relações humanas, com a mesma sensibilidade que conferiu aos seus demais filmes. No entanto, ao evitar o humor, ele acentua o drama em cenas dúbias, sem o peso necessário para sustentar o que se vê.
Com quatro anos de atraso, "Saturno em Oposição" chega aos cinemas brasileiros na órbita do sucesso garantido pelo divertido "O Primeiro que Disse" (2010). Embora seja menor que seu sucessor, vale o programa.
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