Em dez dias, a polícia saberá como diferenciar o oxi do crack
Polícia Científica do Rio desenvolve método de identificação do oxi
O Instituto de Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Científica do Rio de Janeiro, está desenvolvendo um método inédito no Estado para identificar o oxi, droga 40 vezes mais forte que o crack. Segundo o diretor do instituto, Sérgio Henriques, dentro de dez dias, a polícia terá como diferenciar o oxi do crack.
Henriques diz que o processo de identificação da droga já está bem adiantado e que é necessário uma série de testes químicos para apontar quais elementos compõem a droga. Segundo ele, há a suspeita de que o oxi contenha cal virgem ou permanganato de sódio.
A primeira apreensão de oxi no Estado pode ter sido feita em 17 de maio passado, em Niterói, na região metropolitana. Os policiais encontraram 18 pedras que, segundo o traficante, seriam de oxi. Em um laudo preliminar, a Polícia Científica constatou a presença de cocaína e querosene na droga, segundo explica Henriques.
- Para a Justiça, já confirmamos a presença de cocaína e, portanto, que se trata de substância entorpecente.
As autoridades em segurança e saúde públicas temem que o consumo de oxi - também conhecido como óleo, por ter consistência oleosa enquanto é consumido – se espalhe pelo país, a começar pelas principais capitais.
O preço é o grande apelo da substância: de R$ 2 a R$ 5 por cinco pedras, que podem ser mais amareladas ou mais brancas, dependendo da quantidade usada de querosene ou de cal virgem.
Para a professora de psiquiatria da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Maria Thereza de Aquino, as autoridades não querem repetir o mesmo erro que aconteceu com o crack, hoje encontrado em qualquer favela do Rio.
- O crack é uma substância 40 vezes mais tóxica que a cocaína, já o oxi é 80 vezes pior. O oxi é devastador.
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, diz acreditar que ações educacionais são importantes no combate à dependência química provocada por novas drogas, como o oxi.
- A gente sabe que tem que estar preparado para enfrentar o oxi, o crack e outras drogas que ainda vão surgir. Então, implantar um sistema de monitoramento precoce é um objetivo do Brasil para que, a longo prazo, a gente consiga mapear com antecedência qual a tendência de novas drogas que chegam ao mercado.
Dependência imediata
A rapidez com que se instala a dependência é uma das ações devastadoras do oxi, de acordo com o médico Elisaldo Carlini, do Cebrid (Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas). A forma de consumo é por meio do fumo, o que torna a absorção da droga extremamente rápida.
- O usuário apresenta, geralmente, problemas referentes ao aspecto social. Ele é marginalizado, se separa da sociedade, da família e vive apenas em função da droga. O principal agente causador do efeito do oxi no corpo é a cocaína, que causa insônia, falta de apetite e alterações mentais, popularmente conhecidas como paranoia.
Assim como o crack, a absorção acontece no pulmão e vai direto para a corrente sanguínea. A diferença está no tempo. O crack demora 15 segundos, já o oxi leva 10 segundos para fazer efeito. O oxi também deixa o usuário com cor amarelada, problemas de fígado, dores estomacais, dores de cabeça, náuseas, vômitos e diarreia constante. Uma pessoa viciada em oxi pode morrer em apenas um ano.
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