Ribeirão Preto (SP) lidera ranking de lixo per capita na região
O volume de lixo produzido por morador em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) é o maior entre as dez cidades mais populosas da região. Cada ribeirão-pretano gera, por mês, cerca de 20,9 quilos de resíduos.
O volume é praticamente o dobro do registrado em Batatais, onde a produção de lixo per capita é de 10,6 quilos por mês -o índice é o mais baixo das dez cidades (além de Ribeirão e Batatais, Franca, São Carlos, Araraquara, Barretos, Sertãozinho, Bebedouro, Matão e Jaboticabal).
O levantamento foi feito pela Folha a partir de dados da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e do último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De acordo com o professor de engenharia ambiental da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Sorocaba, Sandro Mancini, o volume de lixo produzido cresce conforme o aumento do poder aquisitivo, mas, também, pelo aquecimento da economia da cidade.
"Esses resíduos não são só domiciliares. Em municípios maiores há mais comércios, mais serviços, o que gera um volume maior do que em cidades pequenas", afirmou.
Para o professor José Lázaro Ferraz, coordenador do curso de engenharia ambiental da Uniso (Universidade de Sorocaba), as grandes cidades geram mais lixo porque apresentam um perfil de consumo diferente.
"Quanto maior e mais desenvolvida a cidade, maior a tendência de quantidade de lixo por pessoa por dia", afirmou Ferraz.
Por causa dessa tendência, o volume de lixo per capita de Ribeirão é inferior ao registrado na Grande São Paulo, onde, segundo Ferraz, cada pessoa gera 1,2 kg de lixo por dia, em média. Em Ribeirão, o volume é em torno de 700 gramas.
Nos outros municípios da região, a proporção de lixo per capita também está, quase sempre, atrelada à densidade populacional.
Franca, São Carlos e Araraquara aparecem logo atrás de Ribeirão no ranking por habitante.
Para o professor Mancini, independentemente da posição que a cidade ocupa no ranking de lixo gerado, é preciso mudança no comportamento do consumidor.
"Diminuir não é fácil, todo mundo quer comprar cada vez mais, mas é preciso encaminhar o lixo para reciclagem, ter outra consciência."
Os especialistas também defendem uma gestão de resíduos mais eficaz, com coleta seletiva e encaminhamento adequado do material para reciclagem.
"Os esforços devem começar por uma educação ambiental voltada para a prevenção da geração de resíduos, reutilização e reciclagem", disse Mancini.
ATERROS
Segundo o gerente da Cetesb de Ribeirão, Marcos Artuso, uma coleta seletiva eficiente pode reduzir até 20% do lixo que vai para o aterro.
"É um processo de gestão sustentável. Primeiro começa com a segregação do material em casa e, depois, uma coleta que encaminhe para a reutilização. Com isso, diminui, gradativamente, o volume de lixo", disse.
A queda no volume de lixo destinado aos aterros também colabora para ampliar a vida útil dos locais.
O aterro de Ribeirão, por exemplo, está esgotado desde 2009, após 20 anos em operação. Hoje, todo o lixo vai para um aterro em Guatapará, a 60 km da cidade.
"Com a reciclagem, somente o lixo que realmente tem de ir para o aterro será destinado ao local, o que otimiza o seu uso", disse Artuso.
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