Sérgio Sant´Anna e Luiz Ruffato abrem Festival da Mantiqueira
Os escritores Sérgio Sant´Anna e Luiz Ruffato fizeram hoje pela manhã o primeiro debate do 4º Festival da Mantiqueira. O evento acontece em São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos (SP).
Sant´Anna acaba de publicar "O Livro de Praga" pela editora Companhia das Letras. O livro integra a série "Amores Expressos", que enviou autores a várias partes do mundo com a missão de escrever uma história de amor ambientada na cidade escolhida. Sant"Anna foi a Praga. Diferentemente dos demais livros da coleção, todos romances, o autor escreveu sete contos (ou narrativas, como prefere chamar).
"Me dou melhor com textos curtos, tenho uma tendência à concisão. Confesso que também tenho uma tendência à preguiça", disse ele.
Já Ruffato deve publicar no segundo semestre deste ano o quinto e último volume do "Inferno Provisório", série em que aborda as transformações da classe operária e do país nos últimos 50 anos.
"Temos muitos livros sobre o campo, sobre a classe média, sobre as repartições públicas, mas quase nada sobre o proletariado. Contudo, não faço uma literatura meramente naturalista, no pior sentido do termo. Os personagens não são apenas vítimas, são personagens complexos", explicou.
Ruffato divertiu a plateia da Mantiqueira ao relembrar histórias de sua infância. O escritor nasceu em Cataguases, Minas Gerais. O pai era pipoqueiro ("o segundo melhor da cidade") e a mãe, analfabeta. Ele começou a ler incentivado pela bibliotecária do colégio, que o entupia de livros. "Virou um inferno a minha vida. Eu acabava de ler um livro e ela já me dava outro", riu.
"Mas aí fui percebendo que o mundo era muito maior que Cataguases. A literatura salvou minha vida. Costumo dizer que poderia até ser o pastor de uma igreja: A Igreja do Livro Transformador."
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