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Nacional
Sábado - 28 de Maio de 2011 às 10:40

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Na tarde da última quinta-feira, reverendos e funcionários de uma gráfica em Barueri se reuniram para um evento sacroempresarial: a encadernação da Bíblia de número 100 milhões da Sociedade Bíblica do Brasil.

Para o presidente da organização filantrópica, o reverendo Adail Sandoval, a marca teve gosto de superavit.

Sucursal brasileira da United Bible Societes [sociedades bíblicas unidas], a Sociedade Bíblica do Brasil imprime de 30 mil a 40 mil livros sagrados por dia --ou uma Bíblia a cada três segundos.

Além da Indonésia, é a única das 147 sociedades internacionais com gráfica própria, em Barueri, município da Grande São Paulo. Abastece mais de cem países com salmos em português, inglês, espanhol, árabe, hebraico, latim e outras línguas.

O sucesso se deve, em parte, ao trabalho do pastor presbiteriano Rudi Zimmer, 63, teólogo com MBA em administração de empresas e, desde 2005, diretor executivo da entidade.

Funcionário de carreira, com 20 anos de casa, Zimmer situa na década de 1990 o boom do mercado editorial sacro. "A segmentação aconteceu em todas as áreas, chegando à igreja. Até lá, se fazia bíblia de qualquer cor, desde que fosse preta", brinca.

Hoje, a Sociedade Bíblica lança 40 títulos inéditos por ano, como a "Bíblia da Família", a "Bíblia da Mulher" e a "Bíblia do Surfista", cuja página de abertura explica: "É para você que deseja experimentar a pura vida na presença de Deus. Boas ondas!".

Alguns títulos são criados pela equipe do gerente editorial Dennis Timm, 40. Outros, comprados na International Christian Retail Show [mostra internacional do varejo cristão], feira religiosa que ocorre uma vez ao ano, nos Estados Unidos.

No site da Sociedade Bíblica, são vendidos por valores que vão de R$ 2 ("Bíblia Sagrada") a R$ 133,90 ("Bíblia Shedd", com capa de couro, mapas e 10 mil notas de rodapé). Em 2010, coube à "Bíblia de Estudo Despertar" (R$ 44,90) liderar o comércio, com ensinamentos baseados na terapia de 12 passos dos Alcoólicos Anônimos.

Zimmer explica que o texto sacro jamais é modificado: "A Bíblia é a mesma para qualquer público. A apresentação gráfica e os comentários é que diferem". Edições recentes obedecem às regras do novo acordo ortográfico. Variam na tradução, que pode seguir quatro padrões.

DIREITO AUTORAL

Ainda que tenha a Igreja Católica como principal cliente, a Sociedade Bíblica não discrimina. Por ser uma organização de cunho ecumênico, produz sob encomenda para as evangélicas Renascer, Universal e Assembleia de Deus.

"Nunca entramos em política eclesiástica. Queremos apenas que o povo receba a Bíblia", diz Zimmer.

A concorrência --que inclui as editoras Vozes, Ave Maria, Vida, Esperança e GeoGráfica, entre outras-- é farta, posto que Deus não cobra direito autoral. Ainda assim, nenhum rival atingiu a marca dos 100 milhões de livros produzidos.

Fundada em 1948, a Sociedade Bíblica do Brasil se fez ampliar com farto apoio eclesiástico, sob o argumento de tornar a palavra de Deus acessível. "Pedimos empréstimos e doações às igrejas", diz Zimmer.

Das editoras nacionais, é a única que participa da Assembleia Geral da United Bible Societies.

A última reunião ocorreu em setembro de 2010, data em que padres e pastores debateram a posição da Bíblia na era digital.

O assunto, em princípio espinhento, foi recebido com tranquilidade pelos diretores da Sociedade Bíblica do Brasil. Desde meados daquele ano, eles já vendiam a "Bíblia Digital Glow", em três DVDs.






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