Embarcação naufragada no lago Paranoá começa a emergir
A embarcação "Imagination", que naufragou no lago Paranoá, em Brasília (DF) na noite de domingo (22) começou a emergir por volta das 16h dessa sexta-feira.
Segundo o major Luciano Maximiano, do Corpo de Bombeiros, cerca de 2 m da embarcação já aparecem fora da água. Os bombeiros obtiveram sucesso na primeira etapa da reflutuação, que era "desencravar" a popa (parte de trás) da embarcação do fundo do lago.
Na operação foram usados balões de flutuação, que ontem chegaram a mover a embarcação de uma posição diagonal para a vertical, mas não conseguiram tirá-la do fundo, porque passaram a se infiltrar nas estruturas do "Imagination".
"Agora vamos colocar mais seis balões, gradualmente, para tirar o barco da vertical e colocá-lo na diagonal e, assim, usar o rebocador para levá-lo à margem do lago", disse o major.
Os balões, de acordo com o major, podem se comportar de maneira inesperada, motivo pelo qual a colocação tem que ser gradual. Balões de capacidade variada devem ser usados na operação de reflutuação da embarcação, que pesa cerca de 15 mil quilos.
Após a reflutuação, que nas previsões dos bombeiros deve ser concluída no final do dia, o barco passará por uma perícia para determinar as causas do acidente, que matou nove pessoas.
VÍTIMAS
Ao todo, nove pessoas morreram em decorrência do naufrágio. A última vítima retirada do lago Paranoá, o garçom Hadnilton José de Oliveira, 31, foi achada na quarta-feira (25).
A mãe de Hadnilton, Herculana Gonçalves Lisboa, 53, havia afirmado, no início da semana, que estava "esperançosa" com relação ao encontro do filho. A família não quis dar declarações na manhã de hoje.
Segundo Herculana, Hadnilton trabalhava no AV Buffet (que fazia a festa no barco) havia três anos. Ele estava na festa como convidado. Ela disse que o filho, que era separado e tinha um filho de nove anos, gostava do trabalho e sabia nadar.
Hadilton era voluntário na ONG CNDDH (Comissão Nacional de Defesa dos Direitos Humanos). Segundo descrição no site da organização, a CNDDH visa "promover o desenvolvimento e o respeito à vida, buscando reduzir os níveis de pobreza, combater a fome e a miséria". A Folha não conseguiu contato com a ONG.
Um bebê de sete meses, primeira vítima confirmada da tragédia, foi identificado como João Antonio Fernandes Rocha. Ele foi resgatado ainda com vida, mas não resistiu e morreu.
O corpo da mãe do bebê, Valdelice de Souza Fernandes, 36, também foi localizado.
Outra vítima confirmada foi Flávia Daniela Pereira Dornel, 22, irmã da organizadora de uma festa que acontecia na embarcação. Também já foram identificados os corpos de Ester Araújo de Oliveira, 10; Vicente Carneiro de Sousa Neto, 36; Paulo de Mello, 39; Adail de Souza Borges, 45; e Robinson Araújo de Oliveira, 29.
INVESTIGAÇÃO
O "Imagination" havia partido de um clube e passava por outros recolhendo passageiros para a festa. Ele enfrentou problemas quando passava próximo da ponte Juscelino Kubitschek.
Segundo relato de sobreviventes, o barco virou após uma lancha passar muito perto e provocar ondulações, mas as circunstâncias do acidente ainda estão sendo investigadas. O garçom Everaldo Sales da Silva, 43, negou que a lancha tenha provocado ondulações.
"Já ouvimos relatos de colisão, de problema, de explosão, mas isso é prematuro. Só teremos certeza com a perícia", afirmou o delegado titular do 10º DP, Adival Cardoso de Matos, que investiga o caso.
O comandante do barco, Airton da Silva Maciel, era habilitado para a função. Ele e o proprietário da embarcação foram ouvidos pela Polícia Civil e, segundo o delegado, afirmaram que o barco era legalizado.
Passageiros relataram que ninguém usava coletes salva-vidas. O comandante afirmou que começou a distribuir os coletes assim que o problema começou, mas que o barco submergiu muito rápido, o que teria dificultado a distribuição.
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