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Internacional
Quarta - 25 de Maio de 2011 às 14:10

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Os egípcios comemoraram o anúncio de que o ex-presidente Hosni Mubarak - que deixou o poder após uma grande revolta popular - será levado a julgamento. Eles acham que a decisão pode ser considerada uma vitória da justiça - mas muitos, no entanto, se compadecem ao ver ser "humilhado" aquele que foi, durante 30 anos, o homem forte do país.

"Estou muito feliz com esta notícia, é uma lição para os que virão depois: o país não pertence a eles, não se pode fazer o que quiser e ficar impune", comemorou Mohamed Guda, 31 anos, que desde que nasceu conheceu apenas Mubarak como presidente de seu país.

"Ele pode ser velho (83 anos), mas é um ladrão. Em toda minha vida, sempre ouvi falar de subornos e nepotismo", acusou.

A luta contra a corrupção no Egito era uma das principais bandeiras dos militantes que iniciaram a revolta popular em 25 de janeiro, que levou à renúncia de Mubarak em 11 de fevereiro.

A Procuradoria do Egito anunciou que o ex-presidente e seus dois filhos, Alaa e Gamal, acusados de enriquecimento ilícito e pela morte de manifestantes durante a revolta serão julgados, fato inédito no país.

Mubarak está internado no Hospital de Sharm-el-Sheikh desde 13 de abril, quando sofreu um ataque cardíaco durante um interrogatório.

"Ele está doente? E daí? Nós também estamos psicologicamente debilitados pelo que ele nos causou durante 30 anos", protestou Neamat Salehedin, fotógrafo, que traz em sua roupa um adesivo onde se lê: "Egípcios contra a corrupção".

"Não é mais do que um ato de justiça. Ele tem que prestar contas e ser punido como estabelece a lei para qualquer outro egípcio. Doente ou não, ele fez muito mal ao povo", opiniou Mohammed Fawzi, um vendedor de frutas de 25 anos.

Muitos expressam grande rancor pelo ex-presidente e seus filhos, descritos como "arrogantes" e "completamente alheios ao povo", denunciando a pobreza em que vivem milhões de egípcios e a enorme desigualdade na partilha das riquezas do país.

"Se ele deve ser morto, que seja. A lei e a justiça devem ser as mesmas para todos", afirmou Ahmed Al-Sayyed. Caso seja declarado culpado, Mubarak pode ser condenado à pena de morte.

Apesar de todos os acontecimentos, entretanto, alguns egípcios dizem estar tristes com a derrocada do ex-mandatário.

"Isso tudo é humilhante para ele, em especial por ser um idoso", consterna-se Sally Ahmed, uma estudante de 17 anos.

"Que o obriguem a devolver o dinheiro e depois o deixem livre. O que será feito com suas famílias se eles forem para a prisão?", questionou o eletricista Ahmed Mahamed, contrário à "afronta" que significa, para ele, o julgamento de Mubarak.

De acordo com um balanço oficial, 846 pessoas morreram e outras milhares ficaram feridas durante os protestos. Agora, todo o processo pode ser finalizado nos próximos dias.





Fonte: AFP

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