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Agronegócios
Terça - 24 de Maio de 2011 às 03:29

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Safra começa em meados setembro e segue até o início de dezembro. Cooperativa de agricultores reduz gastos durante a produção e colheita. Durante a safra da beterraba, nos campos do norte da França, as lavouras são invadidas por um exército de colheitadeiras, tratores e carretas. Na França e em vários países da Europa, a colheita da beterraba é feita por equipamentos modernos, que foram sendo desenvolvidos ao longo do tempo. O objetivo é retirar a beterraba da terra de maneira rápida e cuidadosa. À medida que avança, a máquina realiza uma série de operações. Primeiro, uma lâmina vai cortando as folhas da planta, logo atrás, discos de metal – que lembram um arado – retiram as raízes do solo. O produto segue então por uma série de esteiras e no final, é despejado numa carreta, puxada por um trator. O agricultor Denis Lequeux explica que os dias de sol são ótimos pra colheita, porque o solo fica seco e as raízes se soltam com facilidade da terra. Durante a safra, Denis costuma contratar dois empregados temporários e conta também com um funcionário fixo. Normalmente a safra gera gastos elevados com combustível e maquinário. Só a colheitadeira chega a custar quase meio milhão de reais. Pra reduzir despesas, Denis resolveu comprar os equipamentos em sociedade com o vizinho. O sócio, Denis Caille, também dirige um trator. “Digamos que o investimento numa colheitadeira é bem pesado, mas como a máquina pode ser compartilhada, os custos ficam mais razoáveis”. O curioso é que há algumas décadas, máquinas modernas como essas eram coisa rara nos campos da França. Raymond Lequeux, pai de Denis, se lembra do tempo em que a beterraba atraia um batalhão de trabalhadores, uma situação que ainda é comum em grande parte dos canaviais do Brasil. “Tinham italianos, portugueses, belgas e também franceses que vinham trabalhar nas nossas lavouras. Eram trabalhadores temporários, que chegavam aos milhares de outras regiões para cuidar do cultivo e da colheita da beterraba. Essa situação foi comum na região até os anos 1960”. Hoje, com toda a tecnologia disponível, uma lavoura de beterraba rende em média 80 toneladas de raízes por hectare. Denis explica que a cadeia do açúcar na Europa obedece a um planejamento de estado bastante rígido. Os países da União Européia definem em conjunto a quantidade de açúcar que deve ser produzida em cada usina do continente. É uma divisão oficial de quotas, que tem o objetivo de evitar a produção em excesso. O plano de produção também determina a quantidade de beterraba que cada agricultor deverá fornecer ao longo da safra. O valor pago pelas raízes também é o resultado de um acordo. Em 2010, os beterrabeiros tiveram a garantia de um preço mínimo equivalente a R$ 60 a tonelada. “É um bom preço, mas é claro que eu gostaria que ele fosse um pouco maior. O interessante da beterraba é que ela é uma lavoura de renda regular, previsível. É diferente do trigo, que flutua com as tendências de mercado e pode dobrar de preço da noite para o dia”, afirma Denis. A produção da família Lequeux abastece uma empresa que fica a 20 quilômetros da fazenda, no município de Origny Sainte-Benoîte. O grupo Tereos é um dos maiores conglomerados agrícolas da França. Com nove indústrias em atividade, a empresa produz 45% de todo o açúcar consumido no país. A grande diferença em relação às usinas de cana do Brasil é que essa não é uma empresa privada, mas uma cooperativa – como explica Philippe Pelzer, diretor de comunicação do grupo. “Aqui em Origny Saint-Benoîte, em 1932, um punhado de agricultores resolveu criar uma cooperativa e investir numa usina de beterraba. No início era uma operação pequena, que foi crescendo aos poucos. A ideia central é que todos os associados fossem ao mesmo tempo fornecedores e proprietários, acionistas da cooperativa. Dessa forma eles teriam um comprador garantido para a matéria prima e ainda poderiam fazer a divisão dos lucros da atividade industrial”. Com a evolução do grupo, são doze mil agricultores associados. Todos fornecedores e acionistas. Para se tornar sócio da cooperativa o beterrabeiro precisa comprar uma parcela da empresa, ou seja, ele entra com dinheiro vivo no começo e com o tempo vai colhendo os frutos do investimento. Além de produzir açúcar, o grupo também fabrica etanol de beterraba, investe no cultivo de cereais e tem negócios em vários outros países.





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