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Internacional
Segunda - 16 de Maio de 2011 às 07:18

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O chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, deve fazer sua primeira aparição diante de um tribunal nesta segunda-feira, desde que foi acusado de tentar estuprar uma camareira de hotel, em um caso que chocou a política francesa e causa problemas à organização.

Algemado, Strauss-Kahn foi visto em público pela primeira vez desde sua prisão quando foi levado ao tribunal criminal de Manhattan, na noite deste domingo.

Seus advogados disseram que ele se declarará inocente em relação às acusações de ato sexual criminoso, aprisionamento ilegal e tentativa de estupro. Tais alegações podem dar fim à sua vida pública e às suas ambições para se tornar presidente da França.

"Nosso cliente consentiu em fazer um exame científico e forense", disse William Taylor, advogado do chefe do FMI em Washington. "Ele está cansado, mas está bem".

Strauss-Kahn, que até então era considerado favorito na disputa presidencial francesa, apareceu com as mãos algemadas atrás das costas no domingo, quando detetives o levaram para um carro de polícia diante de várias câmeras de TV.

Um porta-voz da polícia disse que a camareira, de 32 anos, que trabalha no Sofitel da Times Square identificou Strauss-Kahn em uma linha de suspeitos formada pela polícia, que tinha ainda outros cinco homens.

O diretor-gerente do FMI, que escolheu o ex-advogado de Michael Jackson para liderar sua equipe de defesa, se submeteu ao exame forense, no qual policiais buscaram por arranhões ou outras evidências do suposto ataque.

Figura carismática, Strauss-Kahn liderou o FMI durante a crise financeira global entre 2007 e 2009, pressionando por medidas de estímulo e cortes nas taxas de juros para evitar uma depressão, e tem sido vital nas negociações para solucionar os problemas europeus de dívida.

PRISÃO

Um celular esquecido no quarto do hotel Sofitel, em Nova York, foi decisivo para a prisão do diretor-gerente do FMI revelou ontem o jornal "The Wall Street Journal". Já no aeroporto JFK, o francês ligou para a recepção informando onde estava e pedindo para que o aparelho fosse devolvido. Do outro lado da linha, um policial atendeu e direcionou equipes para o terminal aéreo.

A prisão do francês coloca em dúvida as capacidades do órgão de gerir as crises em Portugal e na Grécia, além de impactar a disputa à Presidência da frança, na qual ele era um dos favoritos --embora não tenha ainda formalizado candidatura pelo sua legenda, o Partido Socialista.

Strauss-Kahn será defendido pelo famoso criminalista Benjamin Brafman, que já defendeu clientes como o rapper P. Diddy (ex-Puff Daddy) e o cantor Michael Jackson. William Taylor, advogado baseado em Washington, também integra a equipe.

O FMI indicou que não fará comentários sobre a prisão, e afirmou que a instituição continua "completamente operacional".

Em comunicado, a diretora de Relações Externas do órgão internacional, Caroline Atkinson, afirmou que Strauss-Kahn "contratou advogados". "O Fundo não tem comentários sobre este caso. Todas as perguntas serão dirigidas a seu advogado pessoal e às autoridades locais".

MULHER E INOCÊNCIA

Nesse domingo, a jornalista Anne Sinclair, mulher de Strauss-Kahn, afirmou não acreditar "nem um só segundo" nas acusações feitas contra seu marido.

Ela afirmou, em uma breve nota emitida à imprensa francesa, ter certeza de que "sua inocência será confirmada" e pediu "decência e discrição" sobre o assunto.

Também no início do domingo seu advogado baseado em Washington afirmou que Strauss-Kahn nega todas as acusações. "Ele vai se declarar inocente", disse Taylor.

ENTENDA O CASO

As acusações que Strauss-Kahn enfrenta, segundo a polícia americana, incluem "agressão sexual, retenção ilegal e tentativa de estupro de uma camareira de 32 anos em um quarto de hotel em Nova York.

O francês foi preso no sábado após ser retirado por policiais da primeira classe do voo da Air France que ia para Paris minutos antes da sua decolagem. Ele iria se encontrar neste domingo com a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel.

De acordo com o sub-comissário de polícia de Nova York, Paul Browne, ouvido pela emissora CNN, Sreauss-Kahn apareceu nu quando a funcionária entrou em seu quarto para limpá-lo, por volta das 13h do sábado (14).

Browne disse que Strauss-Kahn tentou abusar da mulher mas ela conseguiu fugir e correu até a recepção do hotel. Os funcionários alertaram a polícia mas, quando os agentes chegaram ao hotel, o chefe do FMI já havia fugido para o aeroporto, deixando no quarto alguns objetos pessoais, entre eles seu telefone celular.

HISTÓRICO

Não é a primeira vez que Strauss-Kahn se vê envolvido em polêmicas deste tipo. Em 2008, pouco depois de assumir o comando do FMI, ele assumiu ter tido um caso com uma funcionária do organismo, a economista Piroska Nagy, casada com um ex-presidente do Banco Central argentino.

Na época, Strauss-Kahn admitiu "um erro de julgamento" por conta do caso.

Ainda que não tenha anunciado a sua candidatura, Strauss-Kahn, que é membro do Partido Socialista francês, aparece nas pesquisas como o principal rival do atual presidente Nicolas Sarkozy nas eleições à Presidência da França, marcadas para abril do ano que vem.

Números divulgados no início de maio apontam que o chefe do FMI, que ainda não confirmou se vai concorrer, teria 23% dos votos no primeiro turno contra 17% para a líder da extrema-direita Marine Le Pen e 16% para Sarkozy.

O próprio apoio de Sarkozy para a sua candidatura ao FMI foi visto como uma manobra para afastá-lo da corrida presidencial.






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