Algumas ofertas de animais para abate pressionam o valor da arroba do boi gordo nesta semana, mas o preço se mantém em patamar elevado no mercado físico mesmo no período de safra, afirmaram especialistas do setor.
O clima mais seco, predominante nesta época do ano, acaba por prejudicar as pastagens e dificultar a engorda de animais. Neste período, os pecuaristas aproveitam para fazer o descarte e reposição das fêmeas, antecipando o abate para maio, explica a veterinária e especialista no mercado de boi da XP Investimento, Lygia Pimentel. "Historicamente é período de pico da oferta", acrescentou Lygia.
A especialista observa que a escala de abate teve ligeira melhora para 3 a 5 dias, contra os 2 a 3 dias anteriormente. Mas ainda é inferior à escala média, mais longa, de cerca de 8 dias nesta época do ano.
"Isso acontece porque há uma falta sistêmica de boi (pronto para o abate)", afirmou.
Mesmo assim, Lygia avalia que não há espaço para os preços cederem muito mais, porque o pecuarista já trabalha com o nível psicológico de US$ 100 por arroba do boi gordo, evitando negociar em valores abaixo deste patamar.
Em relatório semanal, a Scot Consultoria também destaca que oferta melhorou e o mercado segue pressionado, mas os pecuaristas evitam entregar animais nas ofertas entre R$ 1 e R$ 2 mais baixos testados pelos frigoríficos.
Levantamento da consultoria aponta que os negócios saem em torno de R$ 100 por arroba no mercado à vista, livre de imposto. Normalmente, os preços da arroba oscilam em torno de R$ 75 nesta época do ano, lembrou o diretor técnico da consultoria Informa Economics FNP José Vicente Ferraz, nesta semana.
Ferraz avalia que o preço deve seguir sustentado até a entressafra. Segundo ele, embora o preço possa recuar um pouco, durante o período de ajuste do rebanho, com queda entre maio e junho, o mercado deve seguir sustentado. "Este deve ser um ano de preços médios elevados", acrescentou.
Ele ressaltou que 2011 ainda será um ano de recomposição do rebanho. Ferraz considera que se em 2007 o setor iniciou uma recuperação, mas o auge da crise em 2008 afetou negativamente os preços e os abates de fêmeas foi retomado.
Para o diretor técnico será preciso esperar os próximos meses e as estatísticas sobre abate e retenção de fêmeas para se ter um cenário mais claro do setor.
O indicador Esalq/BM&FBovespa, uma referência para o mercado, estava em R$ 101,70 a arroba na quinta-feira, com uma queda de 1,5% desde o início de maio, quando era cotada a R$ 103,22.
Outro fator que contribuiu para o aumento da oferta recentemente é o início da campanha de febre aftosa, em 1º de maio, que fez pecuaristas anteciparem o abate de animais, que de outra forma precisariam ser imunizados e aguardar por um período antes de serem abatidos, observou a especialista da XP Investimento.
A Scot também ressalta este fator em seu relatório, "uma vez que pode ser um estímulo à negociação de animais prontos, evitando o custo com manejo e custo com a imunização"
Comentários