Após terremoto, milhares passam a noite em tendas em Lorca
Cerca de 6.000 pessoas --em sua maioria imigrantes-- passaram a noite nos cinco acampamentos disponibilizados na cidade espanhola de Lorca, já que suas casas sofreram danos pelo terremoto da quarta-feira (11), segundo fontes das operações de emergência.
O equatoriano Oscar Viacis, cuja casa ficou muito danificada, dorme em uma tenda de campanha do Exército junto com sua mulher e as duas filhas, depois de ter passado a noite de quarta-feira ao relento.
Já Floren Esfitian, da Romênia, preferiu pernoitar novamente em um jardim pelo temor de estar debaixo de um teto no caso de um eventual novo terremoto.
A colombiana Fidelia Muñoz Taipa contou à Efe que ficou três horas esperando em uma fila para ser direcionada a uma tenda, mas por fim decidiu abandonar a fila e junto com algumas amigas improvisou um lugar para passar a noite, agasalhada com jornais e cobertores.
O centro de coordenação de emergências registrou nas primeiras horas da noite grande movimento de funcionários, militares e voluntários, que trabalharam para que ninguém ficasse sem um teto para dormir.
Fontes do foverno de Múrcia informaram que a Cruz Vermelha disponibilizou na noite desta quinta-feira 4.500 camas, enquanto a unidade especial do Exército para trabalhos de emergência forneceu outras 1.300, com a possibilidade de ampliar o número segundo as necessidades.
O prefeito de Lorca, Francisco Jodar, indicou que várias famílias puderam retornar a seus lares nesta quinta-feira, reduzindo o número de pessoas assistidas pelas equipes de socorro com relação ao dia do sismo, quando foram distribuídas 20 mil refeições no jantar.
A solidariedade chegou a Lorca vinda de todos os cantos da Espanha, e a previsão é que 1 mil pessoas --entre elas o príncipes de Astúrias e o chefe de governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, --acompanhem nesta sexta-feira os enterros das nove vítimas do tremor que atingiu a cidade.
Os engenheiros e arquitetos voluntários retomariam na manhã desta sexta-feira as tarefas de avaliação de danos nas casas, o que pode diminuir ainda mais o número de pessoas obrigadas a dormir em abrigos.
FUNERAL
Centenas de pessoas se despediram nesta sexta-feira em Lorca dos nove mortos no terremoto. Um funeral foi realizado com honras de Estado e a família real foi representada pelos príncipes de Astúrias, Dom Felipe de Bourbon e sua mulher, a princesa Letizia.
O herdeiro da coroa espanhola também estava acompanhado de Zapatero e presidiu a cerimônia, que contou com apenas quatro vítimas de corpo presente.
As famílias dos cinco outros mortos na tragédia preferiram realizar o sepultamento em cerimônias particulares, longe dos holofotes e da notoriedade de um funeral de Estado.
Dom Felipe e Letizia consolaram os familiares das vítimas e conversaram com cada um deles, bastante emocionados e sentados atrás dos caixões na primeira fila de cadeiras colocada em uma tenda improvisada para o funeral, do qual participaram mais de mil pessoas.
"A imensa tragédia deixou sobre esta terra um cenário de angústia e lágrimas", lamentou em sua homilia o bispo de Cartagena, Dom José Manuel Lorca Planes, em um altar montado em frente aos caixões.
O religioso proferiu palavras de conforto para os familiares dos falecidos, pedindo para que todos tivessem força para "que esta cidade volte a ressurgir e atinja o seu esplendor".
Na quarta-feira, um terremoto de magnitude 5,1 atingiu a cidade de Lorca, deixando nove mortos e mais de 200 feridos, além de vastos danos materiais.
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