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Internacional
Segunda - 09 de Maio de 2011 às 12:08

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O primeiro-ministro do Paquistão, Yusuf Raza Gilani, afirmou nesta segunda-feira que a inteligência paquistanesa falhou em não descobrir que o terrorista Osama bin Laden estava escondido no país há cerca de cinco anos. Mas ressaltou que a culpa não é apenas do país e que outros também falharam na busca pelo líder da rede terrorista Al Qaeda.

Gilani faz um discurso ao Parlamento sobre a operação que resultou na morte do terrorista. Bin Laden foi morto com um tiro de um dos cerca de 20 militares da Marinha dos Estados Unidos que invadiram, em três helicópteros, sua casa de alta segurança em Abbottabad, cidade a cerca de 50 km da capital paquistanesa.

Pouco depois da revelação da operação, o Paquistão se viu sob duras críticas dentro e fora do país por não ter percebido a presença do homem mais procurado do mundo tão próximo de sua capital e, ainda pior, a menos de um km de uma academia militar.

"Se ele realmente estava vivendo naquele complexo há cinco anos, então porque nossas agências não descobriram?", afirmou o ex-ministro das Relações Exteriores, Khursheed Mehmood Kasuri. "Isso deu a indivíduos anti-Paquistão a chance de nos ridicularizar."

Aos legisladores, Gilani afirmou que confia plenamente nas forças de segurança do Paquistão e pediu ainda para que não se apresse um julgamento sobre o caso. "Ficar jogando a culpa nos outros não traz benefícios", disse.

Além disso, Gilani anunciou que ordenou uma investigação sobre a presença de Osama Bin Laden no país, para determinar como ele conseguiu viver impunemente em uma cidade com grande presença militar.

Também afirmou que as acusações de cumplicidade dentro do governo ou do Exército paquistanês com a presença do líder da Al Qaeda no no Paquistão são "absurdas".

Ele lembrou ainda que o Paquistão é uma vítima do terrorismo e ressaltou que é prioridade nacional eliminar o terrorismo, depois de recordar que a Al Qaeda não nasceu no país.

Para tal, continuou, Islamabad está ampliando a colaboração com os países da região e com os Estados Unidos.

Sobre a ação unilateral do comando da Seal no Paquistão, Gilani disse que há risco de sérias consequências, mas acrescentou que o Paquistão dá grande importância às relações com Washington.

Gilani já culpara a fuga de Bin Laden por quase uma década, após o 11 de Setembro, a uma "falha global de inteligência".

PRESSÃO

O principal partido de oposição do Paquistão intensificou os pedidos para que o primeiro-ministro e o presidente renunciem devido à quebra de soberania nacional ocorrida quando forças especiais norte-americanas entraram no país pelo Afeganistão para atacar o complexo onde Bin Laden estava escondido.

"Queremos as renúncias, não explicações imprecisas", disse uma autoridade da Liga Muçulmana, partido do ex-premiê Nawaz Sharif, ao diário "The News".

O Paquistão comemorou a morte de Bin Laden, que planejou os ataques de 11 de setembro de 2001, realizado com aeronaves comerciais em solo norte-americano. A nação considerou o fim do líder da Al Qaeda um passo na luta contra a militância, mas reclamou que o ataque com helicópteros feito pelos EUA era uma violação da sua soberania nacional.

O incidente aumentou a tensão entre Islamabad e Washington, cujos laços são importantes na luta contra militantes islâmicos e na guerra no Afeganistão.

As relações entre os dois países já estavam frágeis devido a uma série de disputas diplomáticas sobre assuntos como um grande ataque feito por um avião teleguiado norte-americano em março e Raymond Davis, um agente da CIA morto a tiros por dois paquistaneses na cidade de Lahore, em janeiro.

No que pode causar uma elevação ainda maior nas tensões, uma emissora de televisão paquistanesa e um jornal publicaram o que disseram ser o nome de um chefe secreto da CIA em Islamabad.

A embaixada norte-americana se negou a comentar, mas disse que ninguém com aquele nome trabalhou na missão no Paquistão.

No ano passado, após o chefe dos Inter-Serviços de Inteligência (ISI, na sigla em inglês) do Paquistão ter sido nominalmente citado em um processo civil norte-americano sobre os ataques na cidade indiana de Mumbai, o então líder do posto da CIA em Islamabad foi também revelado pela imprensa paquistanesa, sendo obrigado a deixar o país.






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