Travesti era considerada uma das mais assediadas para programas sexuais na região do Zero Quilômetro
"Sandy não precisava matar por silicone", diz colega
O crime cometido pelo travesti Huanderson Barbosa Moura, a "Sandy", de 18 anos, na semana retrasada, em Cuiabá, foi considerado como "uma grande surpresa" pelos seus colegas de profissão. Ela e seu amante Marcelo, de 20 anos, mataram o empresário Martim Pompeo de Barros, de 48 anos, para roubar-lhe a caminhonete S-10, que seria vendida por R$ 5 mil a um boliviano. Com o dinheiro, o travesti iria implantar próteses de silicone.
Segundo relatos de outros travestis, "Sandy" era uma das profissinoais mais assediadas na região do Zero quilômetro.
Vários travestis que atuam no ponto disseram que "Sandy" era tranquila, e nunca havia se envolvido em qualquer tipo de problema.
"Ela era gente boa, tranquila e educada. O crime pegou todos de surpresa. Não sabemos como ela chegou a esse ponto, ela tinha muitos clientes e não precisava fazer isso", disse a travesti Ariany.
Ariany revelou que alguns travestis, quando vão trabalhar na região do Zero Quilômetro, ainda têm aparência masculina, mas que rapidamente conseguem juntar dinheiro para comprar hormônios, para ficar com aparência feminina e colocar as próteses de silicone.
"Tem travesti que vem trabalhar aqui com traços de menino, mas logo ganham um bom dinheiro. Em um mês é possível colocar um silicone. A procura por travestis é grande em Cuiabá, por isso que a "Sandy" veio de Goiânia para cá. Ela e nem ninguém aqui precisa matar ninguém por R$ 5 mil", disse Ariany.
O crime
Segundo o delegado Antônio Carlos Garcia, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), os dois disseram que o empresário teria saído para fazer um programa num motel em Várzea Grande.
Segundo ele, a intenção do travesti, no entanto, era roubar a picape junto com o cúmplice. O veículo seria entregue para um boliaviano, que tinha como contato um mototaxista. A S-10 seria vendida por R$ 5 mil.
O travesti então planejou o crime. Conseguiu um barbiturico - composto orgânico para causar sonolência - com um farmacêutico no centro de Cuiabá e colocou na cerveja da vitima.
Segundo a polícia, assim que entraram no motel, o travesti colocou o tranquilizante na cerveja do empresário. Em seguida, ele foi morto a pancadas na cabeça e, de lá, Marcelo e "Sandi" levaram o corpo ao Barreiro Branco e jogaram o cadáver numa vala, como comprovou o exame de necrópsia.
A próxima etapa foi deixar a picape no CPA III, onde o boliviano iria buscá-la, por volta das 8 horas. Ao saber da repercussão do crime, o boliviano teria desistido de levar o automóvel.
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