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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Segunda - 09 de Maio de 2011 às 03:33

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Estados Unidos e China abrem nesta segunda-feira uma nova rodada de diálogo econômico e estratégico em Washington na qual abordarão temas espinhosos para as relações bilaterais, como o câmbio do iuane, direitos humanos e acesso de produtos aos respectivos mercados.

O encontro de dois dias, que começa oficialmente nesta noite com um jantar privado entre o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, e o vice-primeiro-ministro chinês, Wang Qishan, acolherá também, pela primeira vez, encontros militares de alto nível.

Geithner e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, vão liderar a delegação dos EUA, enquanto, à frente do grupo chinês estará o próprio Qishan e o conselheiro de Estado, Dai Bingguo.

A terceira rodada de Diálogo Estratégico e Econômico - a primeira foi realizada em 2009 por iniciativa dos presidentes Barack Obama e Hu Jintao - atrairá líderes de 16 órgãos da esfera pública dos EUA, entre eles o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central), Ben Bernanke, e o secretário de Comércio, Gary Locke.

Já a China enviará representantes de 20 agências governamentais, inclusive o ministro das Finanças, Xie Xuren, o governador do Banco Popular da China (banco central), Zhou Xiaochuan, e o ministro de Ciência e Tecnologia, Wan Gang.

O encontro ocorre poucos meses após a visita de Hu a Washington, realizada em janeiro, e após fortes tensões nas relações bilaterais em 2010, provocadas por eventos como o encontro de Obama com o Dalai Lama e a venda de armas dos EUA a Taiwan, o que levou Pequim a suspender durante meses a cooperação militar com Washington.

Ao contrário do ano passado, as duas maiores economias do mundo mantêm agora relações mais cordiais, embora não isentas de tensões.

Geithner elogiou nesta semana as "mudanças promissoras" na política chinesa nos dois últimos anos, entre eles o plano para potencializar a demanda doméstica e o consumo do agora proeminente setor exportador.

O titular do Tesouro comemorou também a maior flexibilidade do iuane, ao lembrar que a moeda chinesa se apreciou 5% desde junho passado e que o ritmo de apreciação real anual, que inclui a inflação, foi de 10%.

Mesmo assim, Geithner insistiu que o iuane continua "substancialmente" desvalorizado e pediu à China que permita uma apreciação mais rápida de sua moeda, que, segundo muitos legisladores americanos, está entre 15% e 40% abaixo de seu valor real.

Já a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, o principal grupo empresarial do país, sustenta que fazer negócios na China é mais difícil agora do que cinco anos atrás e acusa Pequim de favorecer cada vez mais as empresas locais.

O secretário de Comércio dos EUA, Gary Locke, afirmou que as empresas americanas sofrem frequentes empecilhos para ter acesso a determinados setores ou precisam compartilhar tecnologia para entrar no mercado chinês.

Já as autoridades de Pequim, por sua vez, sustentam que Washington recorre frequentemente ao argumento de "segurança nacional" para limitar os investimentos chineses em território americano.

Estima-se que a delegação chinesa, principal credor da dívida americana, também critique o Governo de Washington pelos planos de reduzir o déficit dos EUA, que afetarão o valor dos ativos denominados em dólares em poder da China.

Além do terreno econômico, os EUA querem discutir as relações diplomáticas de Pequim com o Irã e a Coreia do Norte, bem como impulsionar a cooperação em temas de energia, desenvolvimento e segurança alimentar.

Entre as inovações deste ano está a presença de representantes militares chineses aos quais se somarão militares do Pentágono e representantes das Forças Armadas americanas destacadas no Havaí.

"Nosso objetivo é criar um maior entendimento em torno de temas que têm o potencial de gerar erros de cálculo e omissões em nossas relações", afirmou na quinta-feira Kurt Campbell, subsecretário de Estado americano para o Leste Asiático e Pacífico.

"Todos reconhecemos que esses temas de segurança são cada vez mais importantes para a gestão adequada de nossas relações", acrescentou.

Campbell antecipou que o encontro servirá também para falar sobre os direitos humanos na China, um dos temas que centrou a reunião bilateral entre Obama e Hu em janeiro, no qual não houve avanços tangíveis desde então.

As críticas da comunidade internacional à situação dos direitos humanos na China, multiplicadas após a prisão do artista dissidente Ai Weiwei, farão com que a questão das liberdades fundamentais esteja presente na mesa de conversas.

O Governo de Pequim se mostrou disposto a discutir essas questões, mas preferiu "não tocar em casos individuais".

"Estamos dispostos a trocar pontos de vista no tema dos direitos humanos, sobre a base do respeito mútuo (...), mas esperamos que os EUA se esforcem em centrar a atenção no desenvolvimento da China neste aspecto, antes de se preocupar em casos individuais", disse o vice-ministro de Assuntos Exteriores chinês, Cui Tiankai, em entrevista coletiva.





Fonte: EFE

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