O procurador de Abidjan interrogou neste sábado, como parte de uma investigação preliminar, o presidente deposto Laurent Gbagbo, em Korhogo, norte da Costa do Marfim, onde ele é mantido em prisão domiciliar, um dia depois da posse de Alassane Ouattara como novo presidente do país.
"Laurent Gbagbo foi interrogado na presença de seu médico particular", disse o procurador Simplice Kouadio Koffi, ao sair da residência do ex-presidente após uma audiência que durou pouco mais de uma hora. "Irei amanhã até Odienné (no noroeste) para interrogar Simone Gbagbo", acrescentou o procurador, referindo-se à esposa do ex-chefe de Estado.
Laurent Gbagbo foi interrogado como parte de uma investigação preliminar sobre a crise gerada pelas eleições presidenciais de 28 de novembro de 2010. Na época, protestos causaram a morte de cerca de três mil pessoas, segundo as autoridades.
Contra Gbagbo, que negou-se a reconhecer a vitória de Alassane Ouattara no pleito, pesam acusações de abusos, extorsão e incitação ao ódio. O primeiro interrogatório do ex-presidente deveria ter sido realizado na sexta-feira, mas acabou sendo adiado porque seus advogados franceses não conseguiram entrar na Costa do Marfim, uma vez que seus vistos não estavam legalizados.
Na sexta-feira, Ouattara prestou juramento nesta sexta-feira como presidente da Costa do Marfim, depois de cinco meses de uma crise que quase afundou o país em mais uma guerra civil. Ouattara, 69 anos, jurou de pé, com a mão direita levantada, diante do presidente do Conselho Constitucional, Paul Yao N"Dré, no palácio presidencial, localizado no bairro administrativo de Plateau (centro).
Estavam presentes na cerimônia membros do governo, diplomatas e representantes das forças armadas, de partidos políticos e da sociedade civil. "É o início de uma nova era de reconciliação e de união entre todas as filhas, entre todos os filhos de nossa querida Costa do Marfim", disse Ouattara, em um breve discurso após seu juramento de posse.
No dia 3 de dezembro de 2010, Yao N"Dré tornou-se pivô da crise política marfinense ao proclamar a reeleição de Gbagbo, de quem é aliado, com 51,45% dos votos. Com esta medida, o Conselho Constitucional invalidou os resultados da contagem da comissão eleitoral, certificados pela ONU, que apontavam Ouattara como vencedor da votação com 54,1% dos votos.
Na quinta-feira, Ouattara havia sido proclamado presidente da República pelo Conselho Constitucional, encerrando de uma vez por todas a polêmica sobre a eleição presidencial marfinense.
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