"Quem quer ser artista está ferrado", diz Martinho da Vila
Em seu novo disco, não por acaso com título de "Lambendo a Cria", o músico Martinho da Vila, 73, contou com a participação de cinco dos seus oito filhos.
A prole é motivo de orgulho para o sambista, pai de Mart"nália e da pianista Maíra Freitas. Nesta entrevista, ele fala da sua influência na opção dos filhos pela carreira musical, da importância da sorte e das dificuldades para alcançar o sucesso.
Folha - Qual sua participação para que seus filhos escolhessem esta carreira?
Martinho da Vila - Sempre falei que eles não deveriam trabalhar no meio, mas, ao mesmo tempo, desde cedo eu os coloquei para estudar música. Eu sou músico de percussão, não de harmonia, e queria vê-los tocando bem um vilão, um piano ou um sopro.
Todos têm talento?
Acho que todos eles são bem músicos mesmo, mas nem todos brilharam ainda. Meu filho Tunico, por exemplo, já poderia ser uma estrela. Ele canta bem, compõe direitinho, tem uma boa presença de palco, é um percussionista de primeira, mas não deslanchou. Já a Mart"nália aconteceu, ela é uma estrela mesmo.
O que a diferencia?
Eu sempre notei que ela queria. Ela gostava mais da coisa. Desde cedo quis estudar piano, depois passou para o violão, gostava de dançar. Quando eles começaram a fazer vocal comigo, ela sempre se destacava muito. Então, eu dei força para gravar um disco, depois patrocinei um outro, e ela foi.
Sua outra filha, Maíra Freitas, foi uma surpresa?
Ela abraçou o piano, e isso surpreendeu. Piano é barra pesada, tem que estudar muito. Eu incentivei para que ela continuasse estudando até se tornar uma pianista de verdade. Hoje, ela é concertista de música clássica.
E tem talento, não?
Ela tem talento pra caramba. Mas eu conheço tanta gente que tem talento e não tem sorte...
Por isso, eu acho que o cara que pensa mesmo em ser artista está ferrado, porque pouca gente consegue fazer sucesso.
E são pouquíssimos os que conseguem fazer uma carreira por muito tempo. Igual a mim, é raríssimo.
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