O candidato de esquerda Ollanta Humala, que disputa em junho o segundo turno da eleição presidencial peruana, disse na sexta-feira que não descartará o seu questionado plano de governo, mas que incluirá propostas de outras forças políticas para ter uma plataforma ampla e consensual.
Humala, temido por investidores apesar de ter moderado seu discurso nos últimos anos, lidera por uma pequena margem as intenções de voto contra a conservadora Keiko Fujimori.
A incerteza política causa instabilidade nos mercados financeiros. Na sexta-feira, a bolsa de valores local teve alta de 5,5 por cento devido à expectativa de um avanço de Keiko nas próximas pesquisas.
O plano de governo original de Humala continha propostas de nacionalização da economia, o que na opinião dos investidores pode frear o forte crescimento registrado pela economia peruana nos últimos anos.
Mas Humala vem mudando suas ideias a fim de conquistar o eleitorado moderado e também os indecisos, que segundo as últimas pesquisas chegam a 23 por cento do total.
O ex-militar disse que seu plano de governo pode ser melhorado para obter o aval de partidos com representação importante no Congresso. Nenhum grupo político terá maioria absoluta na nova legislatura.
"A proposta tem de ser melhorada e ampliada; e quando você vai ampliar, obviamente tem de estar disposto ao consenso e a aceitar opiniões de outras forças políticas", afirmou Humala à emissora Panamericana Televisión.
Depois do primeiro turno em 10 de abril, Humala, de 48 anos, recebeu o apoio de respeitados técnicos que colaboraram com o partido do candidato e ex-presidente Alejandro Toledo, que ficou em quarto lugar no pleito.
Questionado sobre a possibilidade de jogar no lixo sua plataforma original, Humala disse: "Seria uma falta de respeito com todos os que votaram em mim, e seria uma forma muito autoritária e antidemocrática."
"Não vou chutar o balde, não vou cooptar os meios de comunicação, vamos trabalhar respeitando o ordenamento jurídico nacional e internacional", acrescentou.
Na última pesquisa do instituto Ipsos Apoyo, divulgada na quarta-feira, Humala aparece com 39 por cento das intenções de voto, tecnicamente empatado com Keiko ¿ filha do ex-presidente Alberto Fujimori, atualmente preso por corrupção e violação de direitos humanos. A candidata aparecia com 38 por cento, e demonstrava uma tendência de alta nas últimas semanas.
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