O regime líbio reagiu com cólera nesta sexta-feira ao plano de ajuda internacional ao rebeldes que tentam derrubar o ditador Muammar Kadafi, que prevê a utilização de seus fundos congelados, reiterando que este não tem nenhuma intenção de deixar o poder, um dia após mais uma reunião do Grupo de Contato em Roma.
"A Líbia continua sendo, segundo o direito internacional, um Estado soberano, e qualquer utilização dos fundos bloqueados é como a pirataria em alto mar", declarou o vice-ministro líbio das Relações Exteriores, Khaled Kaim, em Trípoli.
Os fundos congelados de Kadafi, no poder há quase 42 anos, e de seus aliados são estimados em US$ 60 bilhões no mundo, mais da metade disto nos Estados Unidos.
Na reunião de Roma, além da ajuda financeira foram discutidos os meios para alcançar um cessar-fogo o mais rápido possível. Segundo o chanceler italiano, isto poderia ocorrer "dentro de algumas semanas".
A França, primeiro país a reconhecer o Conselho Nacional de Transição (CNT), que representa os rebeldes com sede em Benghazi, declarou nesta sexta-feira "persona non grata" 14 ex-diplomatas líbios, dando-lhes um prazo "de 24 a 48 horas" para deixar o território francês.
À espera de uma solução política ou militar para o conflito, o Grupo de Contato sobre a Líbia reunido em Roma instaurou na quinta-feira um "fundo especial" para o CNT, que será alimentado por doações e empréstimos, sobretudo árabes, e em parte pelos depósitos líbios congelados nos Estados Unidos e na Europa.
O movimento de oposição ao regime sem precedentes transformou-se rapidamente em guerra civil. Milhares de pessoas já morreram no conflito, segundo o procurador da Corte Penal Internacional Luis Moreno Ocampo, que pretende lançar três mandados de prisão por crimes contra a humanidade na Líbia.
Mas, três meses depois do começo do conflito, iniciado em 15 de fevereiro por uma insurreição contra o poder autoritário de Kadhafi, os combates entre insurgentes e defensores do regime parecem diminuir de intensidade, sobretudo na estratégica região de Misrata (oeste).
Apesar da intervenção de uma coalizão internacional, que entrou no país em 19 de março sob mandato da ONU para proteger a população massacrada pelas forças de Kadhafi, a situação militar parece bloqueada, com riscos cada vez maiores de uma gigantesca crise humanitária.
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