Cerca de 46 milhões de britânicos estão convocados nesta quinta-feira às urnas para um referendo sobre a mudança do sistema eleitoral, cuja feroz campanha pôs à prova a coalizão govenamental um ano depois de sua chegada ao poder, sem chegar a interessar a população.
A organização deste referendo foi uma das condições impostas pelos liberais democratas do vice-primeiro-ministro Nick Clegg para alcançar um acordo do governo em maio de 2010 com os conservadores de David Cameron.
Mas os "tories" sempre foram relutantes em modificar o sistema eleitoral uninominal majoritário vigente, que historicamente os favoreceu, pelo voto alternativo (VA), que os opositores consideram mais justo para os pequenos partidos. O VA, embora mantenha os distritos de um deputado, obriga o vencedor a obter a maioria absoluta para ser eleito.
O acordo deixava claro que cada partido poderia defender livremente sua posição, mas a agressividade demonstrada por ambos os grupos durante a campanha trouxe o temor pelo futuro de uma coalizão que muitos consideraram desde o início antinatural.
O primeiro-ministro David Cameron insistiu nesta terça-feira na rádio BBC que o governo mantém-se "coeso e forte" na luta contra os problemas prioritários do país, especialmente no âmbito da economia e da luta contra um déficit excessivo".
Mas Clegg, que nos últimos anos foi muito criticado por seu apoio aos conservadores, anunciou pouco depois que este referendo marcava o fim da "primeira fase da coalizão" e abria caminho a uma nova etapa na qual os dois partidos poderão expressar abertamente suas diferenças.
Os conservadores, que dominaram amplamente a vida política britânica desde 1990, opõem-se energicamente a modificar um sistema que consideram "simples" e "eficaz" por outro mais "complicado" e que, segundo eles, além de favorecer a extrema-direita, "custará dinheiro", porque obrigará a comprar novas máquinas para contar votos.
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