Operação contra Bin Laden foi legítima, diz secretário dos EUA
O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Eric Holder, afirmou nesta terça-feira que a operação norte-americana que resultou na morte do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, no Paquistão e a retirada do corpo dele do país foram realizadas dentro da lei.
Os atos foram "legais, legítimos e apropriados em todos os sentidos. As pessoas que foram responsáveis por aquela ação, tanto na tomada da decisão quanto em sua efetivação, encararam a situação muito bem", disse Holder ao Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados.
O governo de Islamabad só foi informado da presença de helicópteros e forças de elite da Marinha americana após o término da operação --no que seria uma violação da soberania do Estado paquistanês.
Bin Laden foi morto com um tiro de um dos cerca de 20 militares da Marinha dos Estados Unidos que invadiram, em helicópteros, sua mansão de alta segurança em Abbottabad, cidade a apenas cerca de 50 km da capital paquistanesa. A mansão ficava ainda a menos de um quilômetro de uma academia militar que treinava membros para as Forças Armadas do Paquistão.
A localização da mansão levou a duras críticas ao Paquistão e à especulação de que o país teria ajudado o líder terrorista a se refugiar. Alguns legisladores norte-americanos chegaram a exigir a revisão dos bilhões de dólares em assistência que os Estados Unidos fornecem ao Paquistão, em troca de apoio na luta contra o grupo islâmico Taleban.
Uma violação da soberania paquistanesa poderia complicar as relações dos EUA com o Paquistão, aliado-chave dos norte-americanos na batalha contra os militantes do Taleban e na guerra no Afeganistão.
Essas relações já têm sido prejudicadas por ataques de aviões dos EUA não tripulados no oeste do país. Os militares americanos não confirmam os ataques, mas suas Forças Armadas e a CIA (agência de inteligência americana), que operam no Afeganistão, são as únicas que têm estas aeronaves na região.
Oficialmente, Islamabad nega que autorize os ataques de aviões não tripulados e chegou diversas vezes a criticá-los por ameaçar civis e romper com a soberania nacional. Fontes paquistanesas e dos EUA, contudo, afirmam que existe um consentimento tácito e que os serviços de inteligência dos dois países compartilham informação sobre os alvos.
PARTICIPAÇÃO
Mais cedo, o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, reconheceu que o país não participou da operação que matou Bin Laden, mas ressaltou uma cooperação de longa data.
"Embora os eventos de domingo não representem uma operação conjunta, havia uma década de cooperação e de parceria entre EUA e Paquistão que desembocou na eliminação de Osama bin Laden como uma ameaça constante ao mundo civilizado", escreveu Zardari, em artigo publicado pelo "Washington Post".
A principal agência de inteligência paquistanesa (ISI) também afirmou nesta terça-feira que "compartilhou" informações sobre Bin Laden com os Estados Unidos.
Um alto funcionário da ISI afirmou à agência Efe que a colaboração em matéria de inteligência foi o único papel do Paquistão na operação, sem detalhar se foi decisiva para lançar o ataque ou para conhecer o paradeiro de Bin Laden.
"O presidente Obama aludiu a isso em sua declaração. Disse que o Paquistão tinha sido um fator instrumental para compartilhar informações. Nossa cooperação chegou até aí", assegurou a fonte, que pediu anonimato.
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